O suicídio de uma jovem de 16 anos que foi forçada a casar com o homem que a violava suscitou a movimentação de activistas marroquinos contra a lei que permitiu este trágico final. Já foi criada uma petição a exigir que tanto o violador como o juiz que autorizou o casamento sejam presos.
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Amina Al Filali matou-se com veneno. Não suportou cinco meses de um casamento de violações e agressões regulares. Tinha 16 anos. Mas começou a ser violada pelo homem que viria a ser o seu marido aos 15.
Isto aconteceu, porque, segundo a lei marroquina os violadores podem escapar a uma pena de dez anos de prisão (ou de 20 anos, se a vítima for menor de idade) se se comprometerem a "restaurar as virtudes" das suas vítimas, casando com elas.
Então, com a "benção" da Justiça, Amina casou com o seu violador. Casou antes dos 18 anos (idade mínima para contrair matrimónio), porque estava abrangida por "condições excecionais", segundo a France Presse.
"O artigo 475 é constrangedor para a imagem internacional de modernidade e de democracia em Marrocos", disse Fouzia Assouli, presidente da Liga Democrática marroquina para os Direitos da Mulher, à BBC.
Desde 2006 que a legislação marroquina aguarda a implementação da proibição de todos os tipos de violência contra as mulheres, informou a mesma responsável, que considera que o seu país "protege a moralidade pública, mas não o indivíduo".
Quando Amina ingeriu o veveno, o seu marido arrastou-a pelos cabelos nas ruas como manifestação da sua indignação. Foi assim, arrastada nas ruas pelas mãos do seu agressor, que Amina morreu.
Além da petição, várias organizações defensoras dos Direitos Humanos organizaram um protesto para o próximo sábado.
Note-se que, segundo um estudo do Governo, uma em cada quatro marroquinas sofreram algum tipo de agressão sexual pelo menos uma vez na vida.