O ministro da Economia argentino, Sergio Massa, de centro-esquerda, e o líder ultraliberal e antissistema Javier Milei disputarão a segunda volta das eleições presidenciais, de acordo com resultados parciais divulgados no domingo.
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Sergio Massa, advogado de 51 anos e candidato da coligação União pela Pátria, obteve 36,15% dos votos, enquanto Javier Milei ficou com 30,31%, quando estavam apuradas 83,26% das urnas.
Nos arredores da sede da campanha da União pela Pátria, ouviram-se trombetas e tambores. Cerca de dois mil simpatizantes reunidos do lado de fora gritavam "Massa presidente!".
"Massa fez uma campanha muito boa, especialmente no final. Ele ligou-se às pessoas e percebeu que do outro lado está o inimigo do povo", disse à agência AFP o pedreiro Jonatan Pagano, de 36 anos.
Dora Castro, uma médica de 69 anos, afirmou que "votar em democracia é sempre maravilhoso, e queremos continuar a viver assim".
Massa, a principal figura do governo de centro-esquerda neste país imerso numa crise económica que parece não ter fim, com inflação de 140%, optou por permanecer no cargo de ministro com a ideia de que "a campanha é a gestão".
Estas eleições foram marcadas pelo crescimento de Javier Milei, que era o favorito nas sondagens após sacudir o cenário político da Argentina. "Estamos preparados para fazer o melhor governo da História", declarou candidato quando votou no domingo, dia em que completou 53 anos.
Já à noite, em frente à sede da campanha de Milei, Gastón Rivero, de 35 anos, parecia surpreso. "Não esperava este resultado", contou à AFP, embora tenha expressado confiança na vitória na segunda volta.
O deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhou o candidato ultraliberal. "Acredito que no primeiro ou no segundo turno, Milei vencerá, que esse movimento é imparável, que as pessoas não estão aqui porque foram pagas, estão voluntariamente", afirmou.
Para o analista político e consultor Raúl Timerman, Milei acabou por assustar uma parte do eleitorado com as suas propostas extremistas e não conseguiu aumentar o número de votos em comparação com as primárias de agosto, quando obteve o primeiro lugar com 30%.
Milei pretende dolarizar a economia, acabar com o Banco Central, reduzir drasticamente os gastos públicos, eliminar o Ministério da Mulher e revogar a lei do aborto, entre outras propostas.
Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança e candidata da aliança de centro-direita Juntos pela Mudança, ficou em terceiro lugar (23,71%).
A líder de direita, porém, não revelou quem irá apoiar na segunda volta. "Nossos valores não estão à deriva, não se vendem nem se compram, não os vamos negociar", declarou após a derrota.
Massa e Milei disputarão a segunda volta a 19 de novembro. Para vencer à primeira volta, alguém teria que obter 45% dos votos ou 40% com uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado.