Dois homens mataram a tiro e a sangue frio uma família de ursos que estava a hibernar numa ilha perto da costa do estado do Alasca, nos EUA. Os assassinos não sabiam era que estavam a ser filmados por uma câmara oculta, que mostrou ao mundo o lado mais desumano das pessoas.
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O vídeo, registado automaticamente por uma câmara escondida por especialistas do Departamento de Pesca e Caça do Alasca e do Serviço Florestal dos Estados Unidos, em frente a um grande buraco de uma árvore, foi publicado no YouTube pela fundação "The Humane Society of the United States", que denunciou o crime.
A família de ursos negros (espécie "ursus americanus") vivia sem representar qualquer ameaça e sem causar danos numa parte isolada das áreas povoadas de Esther, uma ilha na parte noroeste de Prince William Sound, na costa centro-sul do estado do Alasca. Naquele buraco da árvore, uma ursa adulta dormia com as duas crias, com poucos meses de vida, durante o inverno, quando foram brutalmente assassinadas.
As imagens são de abril de 2018, mas a fundação Human Society só agora conseguiu difundir o vídeo, depois de muitos meses de procedimentos legais. Naquele dia, dois homens, pai e filho, armados com uma espingarda e uma pistola, aproximaram-se da árvore, sem saber que estavam a ser filmados por uma câmara oculta, e dispararam a sangue frio contra os animais em hibernação. Ao ouvir os primeiros tiros, os ursos bebés acordaram e gritaram.
Os indivíduos continuaram a disparar até ter a certeza de que os ursos estavam mortos. No fim, cumprimentaram-se, como que se congratulando pela matança, e ainda tiraram algumas "selfies" com os corpos dos animais. Como se não bastasse, desmembraram a ursa mãe, enrolaram a pele num plástico e desapareceram do local e do plano da câmara.
O vídeo está disponível no YouTube, mas pode ferir a suscetibilidade dos mais sensíveis.
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Os autores do crime estariam convencidos de que ninguém iria descobrir o seu ato de violência e menos ainda a sua identidade. Depois de uma investigação policial, os autores foram identificados como Andrew Renner e o filho Owen.
O julgamento terminou, porém, com sentenças consideradas leves. Owen foi multado em cerca de 1600 euros, condenado a 30 dias de prisão, comutável por serviços comunitários, e perdeu a licença de caça por dois anos. O pai, Andrew, foi multado em cerca de 8500 euros, uma sentença de três meses de prisão e perdeu a licença de caça por 10 anos.
Ao saber da decisão, no verão passado, a organização animal PETA divulgou uma declaração em tom irónico sugerindo ao juiz que condenasse os culpados a assistir a documentários sobre violência animal, como "Earthlings" (2005), narrado pelo ator norte-americano Joaquin Phoenix.
A fundação Humane Society trabalhou durante meses para poder divulgar legalmente as imagens do massacre, não apenas para expor a crueldade daqueles homens, mas também para alterar a legislação sobre a caça promovida pelo governo de Donald Trump, que pretende legalizar a caça de ursos e outros animais selvagens, mesmo durante o inverno e a hibernação.
A violência em abril do ano passado "pode ser o destino impiedoso que aguardam os carnívoros nativos do estado se o governo dos EUA avançar com a sua proposta", alertou Sara Amundson, presidente da Humane Society, em nota divulgada na quarta-feira. "A menos que paremos com esse plano, dezenas de milhares de animais irão sofrer o mesmo destino que os três ursos mortos pelos Renners".