A primeira-ministra britânica defendeu esta segunda-feira que a proposta de Londres para o processo da saída britânica da União Europeia (Brexit) estabelece bases "responsáveis e credíveis" para as negociações com Bruxelas, numa reação à renúncia de vários elementos do executivo.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, anunciou hoje a sua demissão, tornando-se no terceiro elemento do executivo de Londres a renunciar nas últimas 24 horas.
No domingo à noite, o ministro para o Brexit, David Davis, demitiu-se do cargo, decisão que foi seguida de imediato pelo seu "número dois" e subsecretário de Estado para o Brexit, Steve Baker.
Numa intervenção na Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento britânico), Theresa May agradeceu o "trabalho" de David Davis na liderança do Ministério do Brexit e a "paixão" de Boris Johnson na tutela da diplomacia britânica.
May sublinhou que a proposta para uma futura relação comercial com a União Europeia (UE), anunciada na sexta-feira e que acabaria por desencadear estas demissões no executivo britânico, é a favor do "interesse nacional" do Reino Unido.
Na sexta-feira, o governo conservador de Theresa May anunciou ter chegado a consenso sobre uma proposta de criar uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e a UE.
"Hoje, em discussões detalhadas, o governo concordou numa posição coletiva sobre o futuro das nossas negociações com a UE. A nossa proposta vai criar uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e a UE, que estabelece um conjunto comum de regras para produtos industriais e produtos agrícolas", revelou na altura Theresa May.
Hoje, no parlamento britânico, a política conservadora pediu a Bruxelas para que as negociações sobre o Brexit sejam intensificadas este verão e admitiu que a sua proposta, que ainda não foi enviada oficialmente ao bloco comunitário, ainda requer do acerto de posições entre os dois lados.
"É necessário que (os restantes 27 Estados-membros da UE) reflitam novamente e olhem além das posições que tomaram até agora e que possamos alcançar um acordo com um equilíbrio justo entre direitos e obrigações", defendeu.
Theresa May assegurou que a sua proposta, que pretende divulgar de forma mais detalhada na quinta-feira na forma de um "Livro Branco" sobre o Brexit', permitirá ao Reino Unido "retomar o controlo das respetivas fronteiras, dinheiro e leis".
"E isso será feito de uma maneira que protege os nossos postos de trabalho e que nos permite assinar acordos comerciais independentes", concluiu.
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, pediu, entretanto, a demissão da primeira-ministra, acusando-a da incapacidade em negociar um acordo para o 'Brexit'.
"Num momento tão crucial para o nosso país nestas negociações cruciais, precisamos de um governo que seja capaz de governar e negociar para o bem deste país e seu povo. O governo precisa agir em conjunto e fazê-lo rapidamente e se não puder, deve abrir caminho para aqueles que podem", afirmou hoje no parlamento.
Segundo o líder trabalhista, "este não é um plano abrangente para os empregos no Reino Unido e para a economia que o povo deste país merece. Essas propostas ficam muito aquém de uma união aduaneira abrangente, algo que os sindicatos e empresários vêm exigindo".
A proposta, em vez disso, segundo frisou Corbyn, "é um plano complexo que já foi ridicularizado pelos próprios membros do governo como burocrático e de difícil concretização".