Médico de fertilidade terá usado o próprio esperma sem informar mulheres

Doze pessoas, com idades entre os 8 e os 36 anos, alegam, no processo judicial movido na passada sexta-feira, que foram concebidas na clínica de Jan Karbaat e que são filhos biológicos do médico que trocou os esperma dos dadores pelo próprio, enganando as mulheres que foram inseminadas.

Do processo fazem também parte dez mães que exigem ter acesso ao ADN de Karbaat, que morreu no passado mês de abril aos 89 anos.

Estima-se que cerca de dez mil crianças foram concebidas naquela clínica, situada em Barendrecht, perto de Roterdão, entre 1980 e 2009.

Foi a denúncia de uma mulher que acabou por levantar suspeitas e deu origem a uma inspeção que acabou por ditar o encerramento da clínica, em 2009, devido a falhas graves nos registos das pacientes e dos dadores.

A dúvida surgiu quando exames genéticos realizados às duas filhas daquela mulher revelaram que as meninas eram meias-irmãs e não irmãs, como a tinham informado.

Mas já antes uma outra mulher suspeitou de que Jan Karbaat pudesse ser o seu pai biológico. Moniek Wassenaar, médica psiquiatra com 36 anos, contou aos média holandeses que procurou o médico pessoalmente e lhe colocou a questão.

Karbaat disse que era possível que fosse o seu pai, dadas as semelhanças físicas, mas negou-se a fazer um teste de ADN. Segundo Moniek Wassenaar, o médico não mostrou qualquer espécie de escrúpulo ao admitir a possível paternidade e a forma como agiu.

A psiquiatra acabaria por abandonar o caso, até saber que outras pessoas tinham mesma suspeita.

Antes de morrer, Karbaat negou todas as acusações e o mesmo fez a sua viúva perante um juiz. Sabe-se, no entanto, que duas ex-mulheres do médico tentaram, sem sucesso, denunciá-lo.

Em declarações à Imprensa holandesa, várias pessoas afetadas neste caso dizem que a sua prioridade não é conseguir uma indemnização, antes apurar a verdade sobre as suas vidas.