O navio militar italiano com os primeiros migrantes deportados para a Albânia leva apenas 16 náufragos resgatados do mar. A imprensa italiana fez as contas e isso significa que, para cumprir o desejo da primeira-ministra italiana, a deportação fica a 18 mil euros por cabeça.
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O “Libra” já segue rumo à costa albanesa, com os primeiros migrantes deportados que o Governo italiano quer enviar para o centro de internamento de Gjadër, inaugurado esta semana, no norte do país dos Balcãs Ocidentais. Mas a operação vai sair cara ao Governo liderado por Giorgia Meloni.
O navio leva apenas 16 migrantes a bordo (no mesmo dia chegaram à ilha de Lampedusa, no Mediterrâneo, quase mil migrantes) e uma tripulação de 70 pessoas. De acordo com a Imprensa italiana, a viagem custará ao Estado cerca de 290 mil euros, ou seja, a um preço de cerca de 18 mil euros por cada migrante que segue na viagem inaugural. Ou, como diz a Oposição à primeira-ministra da Direita radical, “a operação de propaganda mais cara da História italiana”.
O cálculo, segundo o jornal espanhol “El País”, inclui apenas o custo para o transporte. A isso haverá que somar as despesas com o alojamento no centro de detenção, construído no ano passado, depois de um acordo entre a Itália e a Albânia, prevendo-se que necessite de 800 milhões de euros durante os próximos cinco anos.
Capacidade para receber 880 deportados
O “Libra” deverá chegar à Albânia na quarta-feira e, uma vez transferidos para o centro, o custo de manutenção de cada migrante deverá ser quatro vezes mais alto do que se permanecessem em Itália (35 euros por dia). Isto, se a lotação de 880 pessoas for esgotada. Enquanto isso não acontece, o preço a pagar por cabeça pode multiplicar-se por dez.
Estima-se que o navio poderá fazer, no máximo, uma viagem por semana (são precisos cinco dias para fazer a ida e a volta). De acordo com o regulamento adotado, só podem ser deportados homens adultos não vulneráveis e originários de países considerados seguros, ou seja, pessoas a quem provavelmente seria rejeitado o pedido de asilo. Outra condicionante importante é que terão de ser migrantes resgatados no mar por navios italianos, deixando de fora as pessoas salvas pelos navios das organizações não governamentais, que representam 40% das chegadas a Itália.