As memórias do líder da oposição russa Alexei Navalny, que morreu em fevereiro numa prisão na região do Ártico russo, em circunstâncias questionadas pelos seus apoiantes, vão ser publicadas a 22 de outubro.
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"Alexei Navalny escreveu as suas memórias enquanto estava na prisão sob acusações forjadas", referiu a equipa do opositor e ativista anticorrupção numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
Escrita nos mais de três anos em que esteve preso, a autobiografia intitula-se "Patriot" e será publicada pela editora norte-americana Knopf.
Além dos Estados Unidos, o livro será publicado noutros países e traduzido em 11 línguas, incluindo o russo.
"A 22 de outubro, a biografia de Alexei será publicada simultaneamente em várias línguas. Já foi traduzida em 11 línguas e está disponível para pré-encomenda a partir de hoje. Também será lançada em russo", indicou a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya.
A porta-voz de Navalny, Kira Yarmish, revelou, por sua vez, que o político começou a trabalhar na sua autobiografia em 2020, quando estava na Alemanha a recuperar de um envenenamento sofrido durante uma viagem à Rússia, que atribuiu ao Kremlin (presidência russa).
O Comité de Investigação da Rússia (COR) prolongou na quarta-feira a investigação sobre a morte pela qual a família de Navalny e o Ocidente responsabilizam diretamente o Kremlin.
"De momento, não há informações do Estado sobre as causas da morte de Navalny", comentou Ivan Zhdanov, o braço direito de Navalny, na plataforma Telegram.
Inicialmente, a comissão recusou-se a abrir um processo penal pela morte súbita de Navalny, reconhecido internacionalmente como a principal figura da oposição russa, que tinha sido transferido para a colónia penal ártica "Polar Wolf" em Kharp em dezembro, depois de ter lançado uma campanha contra a reeleição do presidente russo Vladimir Putin.
De acordo com a nota oficial, assinada pelo major da justiça Alexandr Varapayev, a decisão foi anulada e o inquérito reaberto a 21 de março.
"Já tivemos outros casos em que pessoas morreram (na prisão). Acontece, e não é raro", afirmou Putin após a sua reeleição em 17 de março.
Putin, que pela primeira vez pronunciou o apelido do seu inimigo "número um", disse na altura que tinha aprovado a troca de Navalny com outros prisioneiros dias antes da sua morte.
Os aliados do opositor afirmam que foi Putin quem decidiu, à última hora, travar a troca, que também incluía cidadãos norte-americanos.
"A 16 de fevereiro de 2024, Vladimir Putin matou Alexei Navalny. Matou-o de forma vil e cobarde numa remota prisão siberiana, onde Navalny foi isolado do resto do mundo, isolado da sua família e dos seus entes queridos, morto à fome e torturado", denunciaram.
Navalny, de 47 anos, passou um terço da sua pena de três anos em confinamento solitário desde o seu regresso a Moscovo em 2021.
Dezenas de milhares de russos assistiram ao funeral do líder da oposição em Moscovo no início de março, no maior protesto contra a repressão do Kremlin e a guerra na Ucrânia desde o seu início em fevereiro de 2022.