Uma menina de três anos morreu após ter sido espancada pela mãe e pelo padrasto em Conches-en-Ouche, França. Os bombeiros deslocaram-se até ao local e tentaram reanimá-la, mas a criança encontrava-se em paragem cardiorrespiratória e acabou por morrer.
Corpo do artigo
De acordo com o Ministério Público de Evreux, os bombeiros foram chamados no sábado à noite, em Conches-en-Ouche, para um caso de paragem cardiorrespiratória de uma menina de três anos. Os serviços de emergência encontraram a vítima em casa.
Em declarações ao jornal francês "Paris-Normandie", Rémi Coutin, procurador público de Évreux, revela que a criança "estava coberta de nódoas negras". A menina foi depois levada para o hospital Charles-Nicolle, em Rouen. No entanto, os serviços de urgência não conseguiram reanimá-la.
A mãe e o padrasto da criança foram acusados de homicídio de uma menor e colocados em prisão preventiva, informou o Ministério Público à agência de notícias France-Presse. As autoridades foram contactadas pelos bombeiros, "que foram chamados pelos pais da menina à casa porque a criança estava em paragem cardiorrespiratória. A casa estava num estado deplorável de sujidade e falta de higiene", realçou Coutin.
"Um drama absolutamente aterrorizante", descreveu o presidente da Câmara de Conches-en-Ouche, Jérôme Pasco.
Segundo os exames médicos, a criança tinha vários hematomas no corpo, sendo uns recentes e outros mais antigos. Os interrogatórios ao casal permitiram às autoridades descobrir que a menina foi "claramente vítima de violência, pelo menos durante vários meses, por parte de ambos", declarou o procurador.
"Parece que a menina faltou à escola durante toda a semana anterior à ocorrência. O juiz de instrução vai analisar o facto de a situação desta criança, que era regularmente vítima de violência, não ter sido denunciada. Nem o Ministério Público, nem a Polícia, nem os serviços de proteção de menores foram informados", explicou Rémi Coutin, indicando que foi aberto um inquérito na segunda-feira.
Irmão de seis anos também sofreu de violência
Coutin salientou ainda uma outra situação "potencialmente problemática". Segundo o procurador, "uma amiga do casal tinha visto a criança alguns dias antes e estava preocupada. Quis telefonar para o 119 [Linha Nacional de Apoio a Crianças em Risco] para comunicar a situação. Pediram-lhe que voltasse a ligar porque todos os operadores estavam ocupados. Não teve tempo de voltar a telefonar".
O irmão mais velho da vítima, de seis anos, também estava presente na noite do incidente e foi igualmente atacado pelo casal. Agora, foi colocado ao cuidado do serviço de proteção de menores.
Ambos os arguidos estão desempregados. A mãe, de 27 anos, foi multada em 2020 por consumo de droga. O padrasto, de 29 anos, foi condenado cinco vezes entre 2015 e 2019 por infrações de trânsito, delinquência e danos graves.
Jéssica tinha a mesma idade
Em Portugal, também Jéssica, de três anos, foi morta com recurso a violência. O caso remonta a junho de 2022, quando a menina morreu devido aos maus-tratos que lhe foram infligidos durante os vários dias que esteve ao cuidado de uma suposta ama, Ana Pinto.
Durante os cinco dias em que permaneceu na casa de Ana Pinto como garantia de pagamento de uma dívida da mãe, de 200 euros, por alegadas práticas de bruxaria, a menina foi sujeita a vários episódios de maus-tratos violentos.
Quatro dos cinco arguidos, incluindo a mãe de Jéssica, foram condenados a 25 de anos de prisão por homicídio, a pena máxima que poderia ser aplicada em Portugal.