Libra atingiu valor mais alto face ao dólar neste ano. Sondagem dava vitória ao "Bremain"; 12% de indecisos
Corpo do artigo
Se os indicadores da sondagem disponibilizada esta quinta-feira - em pleno período de votação no referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), que terminou já após o fecho desta edição - estiverem corretos, os britânicos continuarão a pertencer ao grupo dos 28, pois a recolha dá 52% ao "Bremain" e 48% ao "Brexit". Mas 12% dos inquiridos pelo instituto Ipsos Mori admitiam que poderiam mudar de opinião até votar. Se mudaram, não se sabe. O que se sabe é que votaram sob forte presença da chuva.
Os mercados é que parecem já ter como certo que a UE vai continuar a acolher o Reino Unido, pois a libra atingiu ontem o valor mais elevado face ao dólar neste ano, horas antes de o referendo arrancar. A expectativa dos apostadores era a de que os britânicos ficariam no bloco, apesar de as sondagens anteciparem uma votação renhida.
"Os mercados parecem ter, quase na totalidade, marcado o voto na permanência como vencedor, o que significa que as movimentações do mercado e a volatilidade em torno da votação podem ser muito menores do que o esperado", comentou o analista Angus Nicholson, da empresa de serviços financeiros IG. "Ainda assim, os mercados estão incrivelmente nervosos e alguns movimentos bruscos são prováveis nas próximas 24 horas".
Esta quinta-feira, a meio da sessão em Tóquio, no Japão, a libra comprava 1,4800 dólares, após ter atingido, temporariamente, os 1,4844 dólares, o mais elevado valor contra a divisa norte-americana neste ano.
Apesar de duas sondagens mostrarem anteontem, ao fim do dia, que o campo pela saída estava em ligeira vantagem, as casas de apostas estavam a dar uma vantagem mais decisiva ao "Bremain".
Não serão notícias que Nigel Farage quer ver confirmadas. O líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, fundado, em 1993, para defender a saída da UE) - que votou numa secção de voto no condado de Kent, em Londres - afirmou aos jornalistas que a possibilidade de vitória do "Brexit" é "muito sólida". "Os eleitores partidários do "Leave" têm verdadeira convicção e paixão. Lançámos esta mensagem de que há algo errado na nossa relação com a UE e que temos de ter um referendo para o mudar", disse, considerando que "o poder estabelecido está muito assustado com esta votação".
Por seu lado, o líder do Partido Trabalhista e adepto do "Bremain", Jeremy Corbyn, mostrou-se bem-disposto perante os jornalistas que o aguardavam junto da escola primária de Pakeman, na circunscrição londrina de Islington. "Estou extremamente confiante", disse.
Nos dias anteriores ao referendo, Corbyn reforçou a mensagem de apoio à permanência na UE, embora ao longo dos últimos meses tenha sido criticado por se envolver pouco. Entre os argumentos que utilizou no último debate televisivo, o trabalhista afirmou que uma eventual vitória do "Brexit" conduziria a graves problemas económicos e atentaria contra os direitos laborais e sociais dos britânicos.
O apoio dos trabalhistas à permanência é visto como decisivo para uma vitória do "Bremain", dada a profunda divisão no Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, entre a ala mais eurocética e os partidários da permanência, nos quais se inclui o chefe de Governo.