
Merkel declarou-se contra esta equiparação em nome dos valores do casamento e da família
Kai Pfaffenbach/REUTERS
A União Democrata Cristã, de Angela Merkel, recusou equiparar os casais homossexuais aos heterossexuais em matéria fiscal, seguindo orientações da chanceler alemã, durante um intenso debate no âmbito do congresso do partido, que esta quarta-feira termina em Hanôver.
A questão "devemos conceder aos casais homossexuais os mesmos direitos fiscais que aos casais heterossexuais?" suscitou um intenso debate no congresso, que reelegeu Ângela Merkel como líder do partido com 98% dos votos dos delegados, a menos de um ano para as eleições legislativas na Alemanha.
Os cerca de mil delegados do partido responderam na terça-feira negativamente à questão, depois de um debate controverso em que mais de 20 oradores tomaram a palavra.
Angela Merkel declarou-se contra esta equiparação em nome dos valores do casamento e da família inscritos na Constituição da Alemanha.
"Pessoalmente, gostaria de conversar sobre os privilégios fiscais dos casados porque a lei fundamental considera o casamento como estando ligado à família e os dois estão sob proteção particular do Estado", disse perante o congresso.
Partido cristão e defensor da família, a União Democrata Cristã (CDU) está dividida em torno do lugar a destinar aos casais homossexuais na sociedade alemã, à semelhança dos debates que estão a acontecer em outros países europeus como a França.
O Governo socialista francês deve apresentar em janeiro no parlamento um projeto de lei para permitir o casamento e a adoção por casais homossexuais, apesar da oposição da igreja Católica e de parte da direita.
Na Alemanha, treze deputados, apelidados de "os 13 selvagens", lançaram em agosto um apelo ao Governo conservador liberal de Angela Merkel para que apresente um projeto de lei que acabe com a diferença de tratamento fiscal entre homossexuais e heterossexuais.
O apelo visava os casais que vivem no regime de "contrato de vida comum", que permite, desde 2001, aos casais homossexuais oficializarem a sua união. O regime prevê direitos similares ao casamento, exceto em matéria fiscal e relativamente à adoção.
O casamento homossexual não existe na Alemanha e a sua aprovação implicaria alterar a Constituição de 1949.
"Se temos os mesmos deveres, devemos ter os mesmos direitos", sublinhou, perante os delegados do partido, Jan-Marco Luczak, deputado da CDU por Berlim e principal promotor do projeto para a alteração legislativa nesta matéria.
"Somos pela promoção dos casais e da família", disse, acrescentando que ao assinarem um contrato de vida comum "duas pessoas comprometem-se uma com a outra, estão juntas e partilham os seus rendimentos. São valores profundamente conservadores".
