Um total de 50 senadores brasileiros anunciaram que vão votar a favor da destituição da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, número suficiente para a afastar do cargo. Sessão dura há quase 19 horas.
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Se estas manifestações forem cumpridas na hora da votação, por painel eletrónico, no final dos discursos que decorrem há quase 19 horas no Senado (câmara alta do Congresso), a chefe de Estado será afastada do cargo por um período de até 180 dias para ir a julgamento.
Os senadores poderão votar "sim", "não" ou abster-se e, após a conclusão da votação, será divulgada a decisão de cada um.
Do total de 81 senadores que formam a câmara, 71 inscreveram-se para falar. Destes, 50 votaram a favor da destituição e 20 contra a destituição de Dilma Rousseff.
Um senador não deu conta do sentido de voto, foi Fernando Collor de Mello, o ex-presidente afastado do poder num processo de "impeachment", em 1992.
A sessão, que já dura há cerca de 19 horas, começou às 10 horas (14 em Portugal continental) de quarta-feira e, apesar do desejo do presidente do Senado, Renan Calheiros, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), para acelerar o debate, a sessão vai estender-se, visto que 71 senadores se inscreveram para falar, tendo cada um direito a 15 minutos.
Os trabalhos foram marcados até agora por vários pedidos de silêncio no plenário, desde logo, na intervenção inicial do presidente da câmara quando Renan Calheiros foi obrigado a pedir a um jornalista para falar mais baixo, por a voz do repórter estar a sobrepor-se à sua.
O presidente do Senado tinha indicado aos senadores que evitassem "votar por passionalidade", depois das críticas feitas aos deputados da câmara baixa, que justificaram as suas posições falando em Deus e na família, enviaram mensagens para casa e até exerceram o seu voto em nome de um torturador.
Porém, o senador Magno Malta, do Partido da República (PR), disse que vai votar em nome da neta que vai nascer este mês e falou ainda no aborto e na redução da maioridade penal para justificar o seu voto.
"É preciso evocar o conjunto da obra. Estamos diante de um corpo febril e assaltado de taxas altíssimas de diabetes. Perna cheia de gangrena, pronta para ser amputada. Se amputarmos a perna, salvaremos o corpo", descreveu.
Nos seus discursos, os senadores também apresentaram números da economia e do desemprego, falaram da petrolífera estatal Petrobras, envolvida no maior caso de corrupção da história do país, e deixaram recados para o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Do lado dos apoiantes do Governo, houve palavras em defesa da democracia e da própria Presidente.
O senador Roberto Requião, do PMDB, afirmou que votará contra a "besteira, a monumental asneira do impeachment da Presidente da República neste momento".
Para além de jornalistas, deputados e funcionários públicos, o Senado também recebeu uma visita especial, a do padre Lázaro Brito Couto, que foi distribuir presentes aos senadores e testemunhar o destino da Presidente, defendendo o seu afastamento.