Microsoft garante que China vai interferir nas eleições dos EUA com inteligência artificial
Um relatório publicado, esta sexta-feira, pela Microsoft alerta que, ao longo deste ano, a China vai tentar interferir nas eleições dos EUA, Coreia do Sul e Índia através de conteúdo gerado por inteligência artificial.
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A gigante tecnológica antecipou que vários grupos cibernéticos apoiados pelo regime chinês terão como alvo eleições importantes ao longo deste ano, entre elas nos EUA, Coreia do Sul e Índia, esperando-se que contem ainda com o envolvimento da Coreia do Norte. O objetivo é, segundo a Microsoft, interferir nos escrutínios através da partilha de conteúdos produzidos com recurso a inteligência artificial (IA).
“À medida que as populações da Índia, da Coreia do Sul e dos EUA vão às urnas, é provável que vejamos atores cibernéticos e de influência chineses e, em certa medida, atores cibernéticos norte-coreanos, a trabalharem para atingir estes escrutínios”, pode ler-se no relatório publicado esta sexta-feira, citado pelo jornal britânico "The Guardian".
A Microsoft adiantou que, "no mínimo", a China vai criar e distribuir, nas redes sociais, conteúdo produzido por IA que irá "beneficiar as suas posições" nestes atos eleitorais, que são considerados os mais relevantes de 2024.
“Embora o impacto deste tipo de conteúdos na influência do público permaneça baixo, poderá ser eficaz no futuro”, notou a empresa norte-americana.
Se tal acontecer, não será a primeira vez que a China faz uso da IA para ingerir em sufrágios internacionais. O relatório da Microsoft refere que o gigante asiático já tinha tentado implementar uma campanha de desinformação nas eleições presidenciais de Taiwan, que ocorreram em janeiro deste ano. Na altura, a empresa de tecnologia identificou, pela primeira vez, uma entidade apoiada pelo Estado chinês que tentou manobrar conteúdos na Internet de modo a influenciar o escrutínio.
Um grupo apoiado por Pequim chamado Storm 1376, também conhecido como Spamouflage ou Dragonbridge, mostrou-se muito ativo durante as eleições em Taiwan. As tentativas de influenciar o sufrágio incluíram, por exemplo, a publicação de um áudio falso do candidato Terry Gou – que se retirou da corrida em novembro do ano passado – no Youtube, no qual este estaria a apoiar um dos adversários.
O vídeo, que a Microsoft considera ter sido produzido com recurso a IA, acabou por ser removido pelo YouTube por ser falso.
As eleições na Coreia do Sul realizam-se a 10 de abril, seguindo-se as da Índia, que se estendem entre 19 de abril e 1 de junho. Nos EUA, o escrutínio presidencial acontece a 5 de novembro.