Milhares de pessoas estão, este sábado, a concentrar-se em dez pontos do centro de Madrid em marchas coloridas, no arranque da jornada de contestação da Cimeira Social, contra as medidas de austeridade do governo espanhol.
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A "Marcha sobre Madrid" é uma iniciativa da Cimeira Social, plataforma que reúne 150 organizações e que, este sábado, trouxe a Madrid dezenas de autocarros de vários pontos de Espanha com manifestantes para juntar ao protesto.
Uma das 'marés', a de cor negra, representando o geral da Função Pública, está concentrada na zona dos Nuevos Ministerios, no Paseo da Castellana, próximo do edifício onde está a sede do Ministério do Emprego.
"Sim sou funcionário público. Não, não tenho culpa da crise" e "Eu um dia tive direitos sociais e laborais" lê-se em muitas das t-shirts, com alguns dos manifestantes a identificarem-se como pertencendo a vários serviços públicos, incluindo bombeiros, saúde e assistência social.
Luís, funcionário da autarquia de Madrid e casado com uma portuguesa da região de Bragança, aplaude o facto de "hoje tanto em Portugal como em Espanha as pessoas estarem a sair a rua".
"Espanha está como Portugal. Estamos é uns meses atrasados. O que já vos caiu a vocês também nos vai cair a nós", disse à agência Lusa.
Alberto, um outro manifestante, bombeiro na capital espanhola, insiste, por sua vez, que não se pode continuar a "demonizar a função pública".
"A reforma laboral, os aumentos do IRPS (IRS em Espanha) e os cortes nos serviços sociais tocam a todos", afirmou.
O dispositivo de segurança é já visível com varias carrinhas de agentes policiais ao longo do Paseo da Castellana, uma das muitas vias do centro de Madrid que esta cortada ao trânsito.
Entre os manifestantes são visíveis muitas bandeiras das principais centrais sindicais, que estão entre as 150 organizações que apoiam o protesto.
O ponto alto da iniciativa acontecerá às 12 horas (11 horas em Lisboa) com uma concentração na Praça Colón em Madrid, vai incluir 'marés' coloridas em representação dos vários setores laborais e marchas de manifestantes, provenientes de toda a Espanha.
O protesto conta com a participação de vários dirigentes políticos, nomeadamente das forças à esquerda, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a Esquerda Unida (IU) e de representantes de organizações de apoio social.
Criada em julho, a Cimeira Social prevê mobilizar os espanhóis - através da manifestação de sábado e com outras ações e protestos de contestação - contra o duro programa de austeridade aprovado em Espanha.
A plataforma pretende conseguir um amplo processo de convergência sindical, social, cultural e profissional contra os cortes e as políticas de austeridade do Governo de Mariano Rajoy.
Esta sábado, também em Portugal, estão marcadas manifestações em pelo menos 25 cidade, em protesto contra as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho.
O apelo para a manifestação "Que se lixe a Troika! Queremos as nossas vidas!" surgiu na Internet, através das redes sociais, com o protesto a ser inicialmente organizado em Lisboa e acabando por ser acolhido em várias regiões de Portugal, bem como em Macau (China), Fortaleza (Brasil), Berlim (Alemanha), Barcelona (Espanha), Paris (França) e Londres (Reino Unido).