Depois de milhares de trabalhadores terem atacado e vandalizado diversas fábricas no Bangladesh, a polícia e os manifestantes envolveram-se em confrontos violentos. Em causa, está a derrocada de um edifício onde eram produzidos têxteis para diversas marcas ocidentais e que matou 304 pessoas.
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O último balanço oficial do número de vítimas mortais na derrocada do edifício onde se encontravam várias fábricas de vestuário perto de Dacca, a capital do Bangladesh, aponta para 304 mortos. Até ao momento, 2300 pessoas foram já retiradas com vida dos escombros do edifício, afirmou o porta-voz do exército, Shahinul Islam.
"Após terem sido escavados túneis, encontrámos cerca de 50 pessoas ainda vivas em diversos locais do terceiro andar. Esperamos poder retirá-los até amanhã de manhã", disse Sheik Minazur Rahman, chefe adjunto dos bombeiros.
"Hoje retirámos cerca de 80 pessoas dos escombros, oito delas há alguns minutos", referiu à agência noticiosa AFP.
A derrocada do edifício operário, na passada quarta-feira, foi considerado o pior acidente industrial da história do país. A mais recente tragédia no setor do vestuário do Bangladesh fez aumentar as críticas às marcas ocidentais a operar no país que privilegiam o lucro em detrimento da segurança.
O país asiático é o segundo maior exportador mundial de vestuário a seguir à China.
Milhares de trabalhadores têxteis manifestaram-se contra a morte dos 300 colegas, atacando diversas fábricas e destruindo vários veículos, o que levou a polícia de Bangladesh a lançar gás lacrimogéneo e a disparar balas de borracha de forma a dispersar os manifestantes.
"A situação é bastante volátil", disse Asaduzzaman, um dos agentes na sala de controlo da polícia, em declarações à AFP. "Centenas de milhar de trabalhadores juntaram-se aos protestos. Nós disparámos balas de borracha e gás lacrimogéneo para os dispersar", acrescentou.
Os trabalhadores, além de destruírem diversas fábricas e veículos, queimaram vários pneus nas estradas e tentaram incendiar algumas lojas por onde passavam em protesto, disse Mustafizur Rahman, vice-diretor da polícia. Os protestos alargaram-se a vários bairros da capital onde estão instaladas dezenas de fábricas têxtil.
Os trabalhadores exigem a execução dos donos das fábricas e do edifício que se desmoronou em Savar e onde morreram 300 pessoas.
O desmoronamento estaria iminente, já na terça-feira, e diversas fissuras levaram à retirada de cerca de 3000 trabalhadores das fábricas.
As 304 pessoas que morreram na derrocada tinham sido mandadas de volta para as linhas de produção.
No edifício, estavam sediadas algumas marcas como a espanhola Mango ou a irlandesa Primark.