Milhares de egípcios manifestaram-se, esta sexta-feira, na praça Tahrir, no centro do Cairo, para exigir mais reformas e criticar a junta militar no poder, cinco meses depois da revolta que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak.
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"A nossa revolução continua" e "O povo exige a realização das promessas da primavera árabe" eram algumas das mensagens escritas em cartazes.
Milhares de pessoas manifestaram-se também em Alexandria (norte), segunda cidade do país, e na cidade portuária de Suez (nordeste), onde no início da semana se registaram confrontos entre manifestantes e a polícia.
No Cairo, parte dos manifestantes passou a noite em tendas montadas no meio da praça. "A revolução trouxe-nos alguma liberdade, mas queremos mais", disse um dos manifestantes, Mohammed el-Said, 20 anos, à agência France Presse.
"O poder está a brincar connosco. Pensa que a revolução acabou e que as pessoas vão ficar em casa. Está enganado e é por isso que estamos aqui", acrescentou.
Um outro manifestante tinha um cartaz com a frase: "Não vimos mudança. Afastámos Mubarak, mas temos um marechal", uma referência ao marechal Hussein Tantaui, chefe da junta militar que governa o país.
As manifestações são uma resposta ao apelo lançado pelos movimentos de jovens pró-democracia e pelos partidos laicos. A polícia não era visível na praça Tahrir e as entradas na praça eram controladas por "segurança" dos manifestantes.
As reivindicações dos manifestantes são sobretudo pela demissão de responsáveis do antigo regime que permanecem na administração, em particular na polícia, o fim do recurso aos tribunais militares para julgar civis e a aplicação de sanções aos polícias envolvidos na repressão das manifestações de Janeiro e Fevereiro.