Milhares nas ruas de Londres, Berlim e Roma para apoiar Gaza e contra nova guerra
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, este sábado, em Londres para apoiar Gaza e apelar ao governo britânico para que "deixe de armar Israel". Em Berlim, na Alemanha, o apoio à população palestiniana mobilizou dez mil pessoas. O mesmo cenário repetiu-se em Roma, Itália.
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“Não toquem em Gaza" e "Não toquem no Irão", lia-se nos cartazes erguidos pelos manifestantes, muitos dos quais gritavam "Palestina livre".
A Campanha de Solidariedade com a Palestina, que organizou a manifestação, instou o governo britânico a “deixar de armar o genocídio”.
Nicky Marcus, uma editora de 60 anos, já participou em várias manifestações de apoio a Gaza para “mostrar aos palestinianos que não estão sozinhos” e referiu que está preocupa com o facto de “todas as atenções” estarem agora centradas na guerra entre o Irão e Israel, em detrimento dos habitantes de Gaza, um território palestiniano devastado por mais de 20 meses de guerra.
“É aqui que está a ocorrer o genocídio”, afirmou.
Mais de 55.700 palestinianos, na sua maioria civis, foram mortos na ofensiva israelita em Gaza, segundo dados publicados na quinta-feira pelo Ministério da Saúde do Hamas, que a ONU considera fiáveis. A guerra foi desencadeada por um ataque mortal do Hamas no sul de Israel a 7 de outubro de 2023.
“É importante evitar outra guerra"
Harry Baker, londrino de 34 anos, lamentou que “a situação em Gaza esteja a piorar ainda mais perante os olhos do mundo inteiro”. “É importante evitar outra guerra no Médio Oriente”, afirmou, manifestando-se preocupado com a guerra entre Irão e Israel, que entrou hoje no seu nono dia. “Não gosto do regime iraniano, mas a situação é agora muito perigosa”, precisou.
Um estudante de 31 anos que vive em Londres há sete anos afirmou que “o Irão não tem uma bomba [nuclear] e Israel sabe disso”.
“Sei que o regime iraniano não é bom, mas continua a ser o meu país e temo pela minha família”, disse, preferindo não dar o seu nome.
Conflito com Teerão é "tática de distração"
Em Berlim, na Alemanha, os apelos repetiram-se. Mais de 10 mil pessoas, segundo a polícia, manifestaram-se para apoiar Gaza, num protesto que se estendeu à contestação do financiamento de Israel, pelo Estado alemão, e à guerra entre Irão e Israel.
A manifestante Gundula, que não quis revelar o apelido, disse à agência de notícia France-Presse (AFP) que vê neste conflito com Teerão "uma tática de distração" do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"Este é realmente o momento em que todos precisamos de nos manifestar. Não podemos simplesmente ficar sentados nos nossos sofás e em silêncio", disse Gundula, no meio de uma multidão que gritava "A Alemanha financia, Israel bombardeia!".
Marwan Radwan, um jovem que vestia um "keffiyeh" palestiniano, disse que se juntou ao protesto por se opor ao "genocídio em curso" e ao "trabalho sujo" do Governo alemão.
Nas ruas de Roma, em Itália, realizou-se um protesto idêntico.