Milhares de venezuelanos viajaram este sábado até às regiões colombianas de Norte de Santander e Arauca para comprar produtos básicos e medicamentos escassos na Venezuela.
Corpo do artigo
A viagem decorre naquele que é o primeiro dia de reabertura pedonal "controlada e gradual" da fronteira entre ambos os países, encerrada há um ano pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e reaberta na sequência de um acordo com o seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, que apelou aos venezuelanos para não acudirem massivamente.
Horas antes da abertura da fronteira, milhares de pessoas já esperavam para passar
Imagens divulgadas pelas televisões colombianas mostravam que horas antes da abertura, milhares de pessoas estavam concentradas do lado venezuelano da Ponte Internacional Simón Bolívar, que une os dois países, para atravessarem a fronteira, apesar de muitas não terem o "bilhete de identidade fronteiriço".
As rádios locais dão conta de que a fronteira abriu pelas 06 horas (10.30 horas em Portugal continental) e permanecerá aberta até às 20 horas (23.30 horas em Portugal continental) e que nas primeiras horas mais de 12500 mil cidadãos tinham cruzado a fronteira, inclusive alguns colombianos radicados na Venezuela, como Marco Túlio Berdugo, que há mais de seis meses não consegue medicamentos para tratar uma artrose.
Produtos básicos e medicamentos são escassos na Venezuela
A Venezuela e a Colômbia chegaram a um acordo, na noite da última quinta-feira, para reabrir "de forma controlada e gradual" a fronteira entre os dois países.
"Vamos abrir a fronteira de forma controlada e gradual, isso é o que determinámos", anunciou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, à margem de um encontro com Nicolás Maduro, na cidade de Puerto Ordáz, no sudoeste da Venezuela.
A Venezuela e a Colômbia partilham mais 2219 quilómetros de fronteira.
Em julho, mais de 100 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com a Colômbia para comprarem produtos básicos e medicamentos escassos na Venezuela, durante dois domingos em que houve uma abertura fronteiriça temporária a peões, segundo as autoridades colombianas.
A 19 de agosto de 2015, Maduro ordenou o encerramento da ponte Simón Bolívar, principal passagem entre a cidade colombiana de Cúcuta e as localidades venezuelanas de San António e Ureña.
Cinco dias depois, as autoridades venezuelanas decretaram o estado de emergência em seis municípios fronteiriços com a Colômbia, justificando a medida com o combate a grupos paramilitares, ao narcotráfico e ao contrabando.
O estado de emergência foi depois estendido a 20 municípios, abrangendo os estados venezuelanos de Táchira, Zúlia e parte de Apure, o que levou ao fecho de toda a fronteira.
Desde o encerramento da fronteira, mais de 1355 colombianos foram repatriados e mais de 19 mil abandonaram a Venezuela voluntariamente, segundo fontes não oficiais.