Milhões de dólares, um Ferrari e casas de luxo: espia chinesa na política de Nova Iorque
Uma ex-funcionária norte-americana que trabalhou como adjunta da governadora do estado de Nova Iorque, Kathy Hochul, foi detida e acusada de trabalhar como agente da China a troco de milhões de dólares.
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A mulher, Linda Sun, terá tentado intermediar encontros entre funcionários chineses e nova-iorquinos, ao mesmo tempo que tentava impedir esses encontros com funcionários de Taiwan. Em troca, Sun terá recebido incentivos económicos “substanciais”, com os quais financiou um estilo de vida luxuoso, bilhetes para uma orquestra chinesa e pato ao estilo de Nanjing preparados pelo chefe de cozinha de um político chinês de visita ao EUA.
“O esquema ilícito enriqueceu a família da arguida em milhões de dólares”, declarou o Procurador-Geral dos Estados Unidos, Breon Peace, num comunicado, em que afirma que o marido de Sun, Christopher Hu, “facilitou a transferência de milhões de dólares em subornos para ganho pessoal”.
“Sun usou a sua posição de influência entre os executivos para promover secretamente as agendas (chinesas) e (do Partido Comunista Chinês), ameaçando diretamente a segurança nacional do nosso país”, lê-se no comunicado. Ambos declararam-se inocentes das acusações e foram libertados sob fiança, com a condição de não contactarem qualquer missão diplomática chinesa.
Os procuradores alegam que a dupla lavou o produto dos seus crimes e comprou uma propriedade de 4,1 milhões de dólares em Long Island, Nova Iorque, e um condomínio no Hawaii no valor de 2,1 milhões de dólares, bem como um Ferrari de 2024.
Na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que não tinha conhecimento da situação relativa a Sun. “Não vou comentar os casos internos nos Estados Unidos”, disse a porta-voz Mao Ning numa conferência de imprensa. “Mas opomo-nos a qualquer associação maliciosa ou calúnia contra a China”, acrescentou.
15 anos no executivo estadual
Sun trabalhou no executivo estadual ao longo de cerca de 15 anos, ocupando cargos na administração do ex-governador Andrew Cuomo e, posteriormente, tornando-se vice-chefe de gabinete de Hochul, de acordo com seu perfil na plataforma LinkedIn.
Em novembro de 2022, Sun passou a exercer funções no Departamento do Trabalho de Nova Iorque, como comissária adjunta para desenvolvimento estratégico de negócios, mas deixou o cargo meses depois, em março de 2023, diz o perfil. Numa declaração, um porta-voz do gabinete de Hochul indicou que Sun foi demitida após terem sido "descobertas provas de má conduta".
"Imediatamente relatamos as suas ações às autoridades policiais e auxiliamos as autoridades policiais durante todo esse processo", adianta a declaração.