A maior milícia do Rio de Janeiro, no Brasil, incendiou 35 autocarros, quatro camiões e um comboio, na segunda-feira, em retaliação pela morte de um dos seus líderes. As autoridades locais decretaram "estágio de atenção" no estado. Doze pessoas foram detidas.
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A milícia mais influente do Rio de Janeiro mandou incendiar, esta segunda-feira, 35 autocarros, quatro camiões e um comboio na zona oeste da maior cidade do Brasil. Os atos de violência, que causaram o pânico entre a população, surgem como resposta à morte do líder número dois da organização, que horas antes, foi assassinado. Matheus da Silva Rezende, conhecido como "Faustão", era sobrinho do chefe do grupo, Luís Antônio da Silva Braga, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia.
A vingança transformou a cidade num verdadeiro caos e obrigou os utilizadores dos transportes públicos a fugirem, já que os fogos foram ateados enquanto os passageiros circulavam nos veículos, informa o jornal "O Globo". A Avenida Brasil, que liga a periferia ao centro da cidade, chegou a ficar interdita devido aos incêndios. Em bairros como Santa Cruz, Inhoaíba e Campo Grande, controlados pela milícia, a situação foi mais drástica, já que diversos carros também acabaram por ser queimados.
Após a detenção de 12 suspeitos pelas forças policiais, indica a Imprensa brasileira, as autoridades locais decretaram "estágio de atenção", que tem como objetivo prevenir ocorrências de alto risco.
De acordo com o portal de notícias G1, o prejuízo financeiro devido aos estragos nos veículos ultrapassa os 35 milhões de reais (cerca de 6,57 milhões de euros).
Grupo atua como uma máfia
O governador do Rio de Janeiro, Claúdio Castro, confirmou que os atos de violência contra os transportes públicos da cidade representam uma resposta do grupo criminoso, depois de as forças policiais terem aplicado "um duro golpe numa das maiores milícias da zona oeste" da cidade.
"Zinho, Tandera e Abelha: não descansaremos enquanto não vos prendermos", disse o chefe do Palácio das Laranjeiras durante uma conferência de imprensa, dirigindo-se aos principais líderes da milícia em questão.
O responsável alertou ainda a milícia para não desafiar as autoridades locais e prometeu continuar o combate contra o crime organizado, apesar de dar a entender que o problema extrapola as fronteiras estaduais. Estas "organizações são verdadeiras máfias nacionais. O problema da segurança pública é muito maior que o Rio de Janeiro. É problema do Brasil inteiro", constatou.
O grupo responsável pelos ataques atua há mais de duas décadas no Rio de Janeiro e, atualmente, está a passar por uma guerra interna. Tal como acontece com outras milícias menos influentes, a organização move-se como se fosse uma máfia, já que cobra dinheiro às populações de algumas zonas mais fragilizadas em troca de proteção contra os traficantes de droga.
Em Santa Cruz, onde a milícia arrecada até 10 milhões de reais por mês (cerca de 1,88 milhões de euros), os assassinatos aumentaram 83% este ano. Já em Jacarepaguá, zona em que o grupo tem vindo a perder influência, as mortes cresceram 156%.