Militares ucranianos em Portugal: "Tinha uma granada para me matar, se fosse apanhado pelos russos"
Militares ucranianos em tratamento em Ourém contam como ficaram feridos na guerra. Recuperação psicológica já é visível.
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Marat Suleimanov, 58 anos, foi projetado no ar após a explosão de uma bomba, e caiu no chão atordoado. Só quando conseguiu abrir os olhos, percebeu que estava vivo. Limpou a terra dos olhos e da boca, e começou a vomitar. De seguida, usou as mãos para confirmar que não tinha perdido nenhum membro. Os estilhaços da bomba atingiram-no nas pernas, e estava a sangrar, mas a sua única preocupação era não ser capturado. “Tinha uma granada para me matar, se fosse apanhado pelos russos. Preferia morrer a ser preso”.
Reformado desde que ficou ferido nos conflitos contra as forças separatistas da região de Donetsk, Marat Suleimanov temeu o pior quando ficou impossibilitado de se mexer, próximo da linha do inimigo, dez anos depois. “Matei muitos russos em 2014”, assume. “Queria sair dali rapidamente, porque estou na ‘lista negra’ deles”, justifica. Contudo, tanto ele como os outros quatro feridos só foram resgatados dois dias depois. Os primeiros socorros foram prestados por outros militares, através do uso de “pensos especiais” para estancar o sangue e evitar infeções.