O ministro da Defesa saudita, Jaled bin Salman, manifestou este domingo "assombro pelas acusações de que o Reino está do lado da Rússia" no atual conflito e reiterou que a redução da produção de petróleo foi por "razões puramente económicas".
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"Estamos assombrados pelas acusações de que o Reino está do lado da Rússia na sua guerra com a Ucrânia. É revelador que estas falsas acusações não provenham do Governo ucraniano", disse o representante saudita numa mensagem publicada na rede social Twitter.
Jaled bin Salman respondeu desta forma a uma publicação do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na qual o líder ucraniano agradeceu à Arábia Saudita "o apoio à integridade territorial" do seu país, e ao acordo pelo qual Riade disponibiliza "ajuda macrofinanceira" a Kiev.
O comentário do ministro surgiu alguns dias após o Governo dos Estados Unidos ter considerado que Riade apoia económica, moral e militarmente a Rússia na sequência da decisão da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados), anunciada na semana passada, de reduzir a produção de petróleo.
A Casa Branca (Presidência norte-americana) também afirmou que iria rever a sua relação com o reino árabe devido a esta decisão, e na quinta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse ter "deixado claro" a Riade que a redução da produção de petróleo "vai na direção errada".
Nesse sentido, na mensagem hoje publicada, o ministro da Defesa saudita assinalou que "a decisão da OPEP+ foi adotada por unanimidade e deveu-se a razões puramente económicas", para de seguida criticar "alguns que acusaram o Reino de estar do lado da Rússia", numa referência velada à administração norte-americana.
"O Irão também é membro da OPEP. Isso significa que o Reino também apoia o Irão?", questionou-se Jaled bin Salman em tom irónico, numa alusão ao seu arqui-inimigo na região do golfo Pérsico.
Estas declarações ocorreram um dia depois de o príncipe herdeiro e novo primeiro-ministro saudita, Mohamed bin Salman, ter decidido conceder 400 milhões de dólares (a mesma quantia em euros) de ajuda humanitária à Ucrânia e de ter expressado a disponibilidade de Riade para contribuir numa "mediação" do conflito e no "apoio à desescalada" na guerra com a Rússia.