O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, foi hostilizado na saída da Escola Estadual Mario de Andrade, em São Paulo, local onde vota, por eleitores que o criticavam pela absolvição de réus do "mensalão", como José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil durante o governo Lula da Silva.
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O revisor do processo "mensalão" foi vaiado e xingado de "bandido, corrupto, ladrão e traidor". O juiz Alexandre David Malfatti, responsável pela zona de votação onde o ministro vota, determinou a retirada dos jornalistas do local para diminuir os riscos de tumulto.
Segundo o juiz, a imprensa não pode acompanhar o voto de Lewandowski. "Para fim de resguardo do voto do eleitor", disse Cláudia Ciscolo, chefe do cartório, que falou em nome de Malfatti ao jornal "Folha de S. Paulo".
Ricardo Lewandowski, no entanto, disse que a reação popular tem sido positiva e que recebe muitos cumprimentos e pedidos para tirar fotos.
"Votei normalmente. Entrei pela porta da frente e como qualquer cidadão entrei na fila. Tudo na maior tranquilidade. Isso é democracia, liberdade. As reações agora [os xingamentos] são normais. Estou aqui com vocês (jornalistas) e muito exposto", disse o ministro, que já estava nervoso com as vaias.
O ministro ainda comentou a sua atuação no julgamento, afirmando que esse é o papel do revisor, de trazer contrapontos e uma segunda opinião. "O papel do revisor foi importante, apresentou contrapontos e muita gente foi absolvida. Creio que cumpri o meu papel e a Corte acatou em muitos aspectos a opinião do revisor - disse Lewandowski.
"Doze absolvições, é pouco? Uma foi para primeira instância por erro processual; algumas dosimetrias foram refeitas em função papel do revisor. Creio que cumpri o meu papel", acrescentou.