Domingo ficou marcado por novos bombardeamentos em Kiev, que acordou sobressaltada com o som de explosões. A tensão com o Ocidente continua alta depois de os EUA terem garantido que iam enviar mísseis de longo alcance para a Ucrânia. Putin ameaçou que, se isso acontecer, Moscovo irá atacar novos alvos. O foco da Rússia continua em Severodontsk, mas as tropas perderam terreno e a cidade-chave está agora "dividida em duas". Os pontos-chave do 102.º dia de guerra:
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- A capital ucraniana acordou ao som de várias explosões que abalaram Kiev durante a manhã. A Rússia "lançou cinco mísseis de cruzeiro X-22 do Mar Cáspio na direção de Kiev" às 6 horas, horário local, segundo o Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia. Um míssil foi destruído pela unidade de defesa aérea da Ucrânia e os restantes atingiram "instalações de infraestrutura no norte da capital ucraniana". Vários mísseis atingiram a Fábrica de Reparos de Carruagens de Darnytsia, ferindo um trabalhador ferroviário, de acordo com Oleksandr Kamyshin, CEO da empresa ferroviária estatal ucraniana Ukrzaliznytsia. Segundo o ministro da Defesa russo, os mísseis destruíram tanques T-72 fornecidos por países da Europa de Leste e outros veículos blindados que estavam nos hangares.
-As tropas russas perderam terreno em Severodonetsk, uma cidade considerada estratégica no controlo pela região leste da Ucrânia, indicou o governador da região de Lugansk. "A cidade está dividida em duas, têm medo de circular livremente", escreveu no Telegram. Segundo militares ucranianos, as unidades da Rússia estão "a focar-se em operações ofensivas para cercar as nossas tropas" em Severodonetsk e Lysychansk, e para "bloquear as principais rotas logísticas". O general russo Aleksandr Dvornikov "recebeu a tarefa de, até 10 de junho, capturar completamente Severodonetsk ou cortar completamente a rodovia Lysychansk-Bakhmut e controlá-la".
- A operadora de energia nuclear estatal da Ucrânia, a Energoatom, informou que um míssil de cruzeiro russo sobrevoou de forma "criticamente baixa" a central nuclear de Pivdennoukrainska, a segunda maior da Ucrânia, localizada perto da região de Mykolaiv, cerca de 350 quilómetros a sul de Kiev.
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- As defesas aéreas ucranianas derrubaram quatro mísseis russos apontados para Mykolaiv, no sul da Ucrânia.
- As forças russas estão "a avançar" em várias áreas ao norte da cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia, depois de "completar o reagrupamento de tropas", segundo o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia. Nas proximidades de Lyman, a Rússia está ainda "a avançar na direção de Sviatohirsk, tentando empurrar as nossas tropas para a margem direita do rio Siverskyi Donets".
- O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou que Moscovo atacará novos alvos se o Ocidente fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia, dizendo que as atuais entregas de armas têm por objetivo "prolongar o conflito". "Tiraremos as conclusões apropriadas e utilizaremos as nossas armas (...) para atacar locais que até agora não visámos", afirmou.
- Aliados ocidentais "devem entender" que fornecer armamento pesado à Ucrânia "não é uma ajuda única", mas deve continuar até à "vitória", disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar. "Os nossos combatentes estão realmente preparados, o nosso exército está realmente preparado. Mas essa motivação e treino não são suficientes para superar a Rússia sem armas", acrescentou.
- Um assessor do autarca de Mariupol disse que a escassez de água potável atingiu um nível crítico. Petro Andrushenko explicou que as pessoas precisam de se registar para obter água potável e só podem obtê-la a cada dois dias.
- O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, autorizou a federação de futebol da Ucrânia a preparar o regresso das competições profissionais, paradas desde a ofensiva militar da Rússia, com o início apontado para agosto.
- O Papa pediu "verdadeiras negociações" para um cessar-fogo "e uma solução sustentável" na Ucrânia. "Quando se cumprem 100 dias do início da agressão armada na Ucrânia, de novo caiu sobre a Humanidade o pesadelo da guerra, que é a negação do sonho de Deus", disse Francisco a milhares de pessoas reunidas na praça de São Pedro, no Vaticano, no final da oração habitual de domingo.