Mais de 17 milhões de moçambicanos estão aptos a ir às urnas, nesta quarta-feira, para eleger o novo presidente do país, assim como os deputados da Assembleia da República, os membros das assembleias provinciais e, pela primeira vez, os governadores das províncias.
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A disputa para substituir o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, tem como candidatos Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo); Ossufo Momade, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo); Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM); e Venâncio Mondlane, do Podemos.
O favorito Daniel Chapo conta com o apoio do atual presidente. Depois de votar esta quarta-feira de manhã, o candidato da Frelimo, partido no poder desde 1975, saudou o "ambiente ordeiro e pacífico verificado desde o início da campanha eleitoral", segundo o jornal "O País". O governador da província de Inhambane entre 2016 e 2024 apelou também para que os moçambicanos comparecem às urnas.
Ossufo Momade, da Renamo, entra na corrida presidencial pela segunda vez e, ao votar esta manhã, disse que quer que "seja respeitada a decisão dos moçambicanos". O presidente do maior partido de oposição, citado pelo mesmo diário, pediu que os eleitores "possam exercer o seu direito de voto" e que os agentes da Polícia da República "cumpram com a lei de estarem a 300 metros" das assembleias de voto.
Em declarações hoje aos jornalistas, Lutero Simango denunciou a falta de delegados e membros das mesas de voto pertencentes ao MDM, o que considera ser "fraude". "Só vejam o que está a acontecer a Moçambique. Não é essa democracia que nós queremos", lamentou o candidato e líder da terceira maior força política do país, que prometeu deslocar-se a todas as mesas de votos de Maputo.
O Podemos, sem representação parlamentar, trouxe Venâncio Mondlane, que também fez denúncias contra o escrutínio. "Se isto continuar neste sentido, eu penso que vão ter uma grande surpresa neste país, porque os jovens não estão disponíveis para mais uma fraude desta natureza. Eles não vão aceitar que se adultere, mais uma vez, a vontade popular", reclamou o ex-Renamo, que pode ficar em segundo lugar na disputa.
"Falta de transparência"
A plataforma de observação eleitoral Sala da Paz, que integra moçambicanos e pessoas de outros países, escreveu num comunicado que "entende que a fraca presença de delegados de candidatura, se não for corrigida nas próximas horas, pode limitar os partidos políticos de acompanhar o processo de forma detalhada, o que pode, de alguma forma, afetar a transparência do processo".
A Sala da Paz salienta que, de um modo geral, das 3297 mesas visitadas pelos observadores, 2709 (82,7%) abriram pontualmente, cumprindo o que está previsto na legislação eleitoral. As restantes mesas, 567 (17,3%) abriram muito depois da hora e 42 não estavam abertas.
"Relativamente às causas dos atrasos, destacam-se motivos organizacionais tais como: demora na chegada de material de votação, verificação de documentos, demora na colocação de selos nas urnas antes do início de votação e lentidão dos membros das mesas de voto", assinala-se na nota.
As últimas autárquicas, em 2023, foram marcadas por denúncias de fraudes e uma vitória esmagadora da Frelimo. O ano passado também foi de instabilidade no norte do país, com ataques do grupo jiadista Al Shabab, ligado ao Estado Islâmico, em Cabo Delgado - região que já teria mais de um milhão de deslocados.
A Comissão Nacional de Eleições divulgará os resultados das presidenciais em até 15 dias, sendo depois validadas pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos. Em Portugal, há mesas de votos para os 1177 votantes recenseados em Lisboa, Porto, Évora, Portimão, Faro, Coimbra, Viseu, Braga, Aveiro, Bragança e Vila Real.