Iniciativa parlamentar da frente das esquerdas coloca o primeiro grande desafio à maioria relativa de Emmanuel Macron.
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"O Governo de combate" prometido por Emmanuel Macron foi remodelado e apresentado esta segunda-feira. O Conselho de Ministros reuniu-se imediatamente, antes de lidar com a primeira moção de censura, apresentada pela "França Insubmissa", base da frente de esquerda federada na NUPES. A votação de hoje será o primeiro teste à maioria relativa do Executivo liderado por Elisabeth Borne e também a avaliação das alianças e dos equilíbrios políticos na Assembleia Nacional.
A nova equipa ministerial não terá qualquer figura da oposição, o que sempre lhe daria um certo ar de coligação nacional, mas tem duas dezenas de caras novas, entre ministros, ministros-delegados e secretários de Estados. Entre as cinco pastas remodeladas, destaque para a da Solidariedade, da Autonomia e das Pessoas com Deficiência: entra Jean-Christophe Combe, diretor-geral da Cruz Vermelha, e sai o ministro mais polémico de todos, Damien Abad, acusado e investigado por violação.
No próprio dia em que vai ao Palais-Bourbon para apresentar o programa geral do Governo, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, será imediatamente confrontada com a primeira grande batalha política da legislatura. A maioria relativa do Governo (245 entre 577 deputados) sujeita-se a uma moção de censura, anunciada por Jean-Luc Mélenchon (NUPES, 131 deputados) logo após o apuramento dos resultados da segunda volta das eleições legislativas, a 19 de junho.
A iniciativa parlamentar da "França Insubmissa" (LFI), polo das esquerdas, procura marcar a agenda com a oposição prometida a Emmanuel Macron, mas, além dos deputados da própria coligação da NUPES, também precisa de convencer outros grupos do hemiciclo - desde logo, a extrema-direita, de Marine Le Pen (89 parlamentares). E até se pode dar o caso de o Governo transformar a iniciativa da LFI numa moção de confiança, embora Macron assinale "a ausência de vontade dos partidos de participarem num acordo de Governo".
"A França precisa de reformas, de políticas que terão impacto nos próximos anos. Precisa de responsabilidades para compromissos exigentes. E neste contexto de guerra, que muda tanta coisa e tão profundamente, penso que isto não foi suficientemente integrado no debate público", disse Macron, à entrada para o Conselho de Ministros e já a colocar sobre a Oposição o peso da responsabilidade política do momento.