Moderadores do TikTok na Alemanha alertam sobre demissões devido à inteligência artificial
Os moderadores de conteúdo da filial alemã do TikTok manifestaram-se, na quinta-feira, em Berlim, acusando a rede social de preparar as suas demissões e substituí-los por Inteligência Artificial (IA), o que, segundo eles, significa maior exposição ao ódio online.
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Cerca de 50 pessoas reuniram-se perto dos escritórios do TikTok Alemanha, entre elas alguns dos 150 membros do departamento de "confiança e segurança" de Berlim, que afirmam que a direção mencionou uma demissão em massa. Os manifestantes exigem que o TikTok reveja os seus projetos. "Nós treinamos as vossas máquinas, paguem o que merecemos", lia-se numa faixa.
A plataforma afirmava ter mais de 20 milhões de utilizadores na Alemanha no fim de 2023. Os moderadores são responsáveis por impedir publicações na plataforma de conteúdos que incluam incitação ao ódio, desinformação ou pornografia.
Segundo o sindicato ver.di, o TikTok Alemanha recusou-se a negociar com os seus moderadores. Os moderadores esperavam "que o trabalho continuasse a longo prazo", segundo um deles, Benjamin Karkowski, depois de terem participado "numa sessão de formação sobre uma mudança de sistema" no início do ano. "Mas um mês depois, recebemos a mensagem de que estávamos demitidos e que o nosso trabalho seria assumido pela IA", afirmou o funcionário de 32 anos.
Uma moderadora, Sara Tegge, destaca que "a IA não consegue determinar se um conteúdo discrimina certos grupos e não pode avaliar o perigo de determinados conteúdos".
O conflito laboral insere-se na tendência mundial das redes sociais de reduzir os seus quadros de funcionários para utilizar mais a IA. Em outubro, o TikTok anunciou a eliminação de centenas de empregos no Mundo, especialmente na Malásia, migrando para soluções automatizadas como a IA para moderar os seus conteúdos.
Propriedade do grupo chinês ByteDance, a poderosa plataforma de partilha de vídeos, com 1,5 mil milhões de utilizadores, está há anos na mira dos governos ocidentais, que temem a sua ligação com a China e o possível uso dos seus utilizadores para fins de espionagem ou propaganda.