O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Integração Europeia da Moldávia, Nicu Popescu, afirmou esta segunda-feira que o seu país está a ser "gravemente afetado" pela invasão russa na vizinha Ucrânia.
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Falando numa conferência de ajuda internacional à Moldávia, em Paris, Popescu disse que a Ucrânia enfrenta uma "brutal agressão russa, mas esta agressão coloca um problema a todos na Europa e isso, naturalmente, aplica-se à Moldávia".
O país "é gravemente afetado economicamente por esta guerra, quando se trata da segurança do abastecimento energético", frisou.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, a conferência de Paris tem como objetivo a "assistência concreta e imediata" à antiga república soviética.
Duas conferências anteriores para a Moldávia, o país mais pobre da Europa, permitiram este ano arrecadar centenas de milhões de euros, mas, à medida que a guerra se arrasta, estão a aumentar as necessidades do país vizinho da Ucrânia.
"Este apoio internacional é tanto mais importante quanto a Moldávia enfrenta atualmente uma crise energética sem precedentes que, com a aproximação do inverno, apresenta o risco de uma crise humanitária para a população moldava", afirmou o ministério.
Apagões atingiram temporariamente mais de meia dúzia de cidades moldavas na semana passada, enquanto mísseis russos se abatiam sobre as infraestruturas em toda a Ucrânia.
Os sistemas energéticos da Moldávia da era soviética continuam interligados com a Ucrânia, pelo que a barragem de mísseis russos desencadeou o encerramento automático de uma linha de abastecimento.
No início deste mês, a União Europeia prometeu 250 milhões de euros para ajudar a Moldávia, depois de a Rússia ter reduzido para metade o seu abastecimento de gás natural ao país.
A crise energética moldava agravou-se quando a Transnístria, uma região separatista do país apoiada por Moscovo, com uma central elétrica chave, também cortou o fornecimento de eletricidade a outras regiões do país.
A Moldávia dependia fortemente da energia russa antes da guerra, e tem procurado cada vez mais estreitar os laços com o Ocidente, tornando-se candidata à adesão à UE em junho, juntamente com a Ucrânia.
No entanto, a sua adesão ao bloco de 27 países poderá levar anos e está dependente de uma série de reformas fundamentais, incluindo no combate à corrupção e implantação do Estado de direito.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro, a Moldávia tem sofrido episódios de instabilidade, tendo em julho e agosto sido reportadas dezenas de falsas ameaças de bombas no país.
No mês passado, destroços de mísseis caíram numa aldeia fronteiriça da Moldávia, em abril e as tensões na Transnístria aumentaram após uma série de explosões terem atingido a região separatista.
"O nosso espaço aéreo tem sido atravessado por rockets e mísseis russos", lamentou em Paris o ministro dos Negócios Estrangeiros moldavo.
A presidente pró-ocidental da Moldávia, Maia Sandu, encontra-se hoje com o presidente francês Emmanuel Macron na capital francesa.