"Monstruosidade". Autores da chacina que chocou o Brasil cometeram mais de 100 crimes
Os cinco detidos por suspeita de levarem a cabo a chacina que tirou a vida a dez pessoas da mesma família, no Brasil, foram acusados de mais de 100 crimes e as penas podem chegar aos 385 anos. A motivação do crime é uma quinta, avaliada em mais de 350 mil euros.
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Gideon de Menezes, Horácio Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira, Carlos Alves da Silva e Fabrício Canhedo são acusados de pelo menos 102 crimes, entre eles homicídio qualificado, ocultação e destruição de cadáver, extorsão, sequestro, associação criminosa e roubo. Uma vez que os delitos são multiplicados pela quantidade de vítimas, o somatório das penas pode chegar aos 385 anos.
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Além deles, um adolescente foi também acusado de participar no crime, mas não foi incluído na acusação do Ministério Público. Segundo as autoridades brasileiras, a chacina foi cometida porque o grupo queria adquirir a quinta onde morava parte da família assassinada, avaliada em dois milhões de reais, qualquer coisa como 356 mil euros.
"Um caso sem precedentes na história do Distrito Federal e também um caso de violência marcante no contexto do país. O que temos diante de nós situa-se no campo da monstruosidade. Uma ação planeada, organizada e executada com uma frieza profunda, revelando por parte dos acusados total desprezo pela vida", afirmou um dos promotores do caso, Nathan da Silva Neto, citado pelo portal de notícias brasileiro UOL.
De acordo com a investigação do Ministério Público, Gideon, Horácio e Carlomam são os responsáveis por planear a chacina e por isso são os que somam mais acusações. Acreditam que Gideon era o chefe do grupo.
Inicialmente as autoridades foram alertadas para o desaparecimento de uma cabeleireira e dos três filhos menores. Um dia depois encontraram os corpos carbonizados e foi aí que começou o quebra-cabeças. Dez pessoas da mesma família morreram, entre eles três crianças, e os corpos foram encontrados a conta-gotas, em diferentes zonas e espalhados entre o Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais.
Relembre como tudo aconteceu
Na noite de 28 de dezembro, Marcos Antônio de Oliveira, Renata Belchior e Gabriela Belchior foram sequestrados por Carlomam e o adolescente, na quinta onde moravam. O acesso ao local foi dado por Gideon e Horácio, que trabalhavam para a família, e no início se fizeram passar por vítimas, fingindo que não sabiam o que se estava a passar.
Marcos foi o primeiro a morrer com um tiro na cabeça e o corpo foi esquartejado antes de ser enterrado. Renata e Gabriela foram levadas para um cativeiro, amordaçadas, vendadas e amarradas.
O adolescente abandonou o esquema depois da morte de Marcos e então o grupo chamou Carlos Henrique para ajudar no sequestro do restante da família.
De acordo com a polícia, os criminosos também queriam os 200 mil reais que Cláudia de Oliveira - ex-mulher de Marcos Antônio - tinha conseguido com a venda de uma casa. A 4 de janeiro, o grupo entrou em contacto com Cláudia, através do telemóvel de Marcos Antônio, para oferecer a ajuda de Gideon, Horácio e Fabrício na mudança dela e da filha, Ana Beatriz, para a nova casa. No imóvel, o trio permitiu a entrada de Carlomam, que sequestrou Cláudia numa simulação de assalto e fez o mesmo com a filha.
Cláudia e Ana Beatriz foram levadas para o cativeiro, onde Gabriela e Renata já estavam.
Quando o filho mais velho de Marcos Antônio, Thiago Gabriel Belchior, começou a fazer perguntas sobre o paradeiro dos pais e da irmã, o grupo decidiu antecipar o sequestro de Thiago e da restante família.
Thiago e a família foram atraídos até à quinta através de uma mensagem enviada do telefone do pai. Aí, o homem foi amordaçado e amarrado para ser levado ao cativeiro, enquanto Elizamar e os três filhos foram colocados dentro do carro da cabeleireira e levados para Cristalina, no estado de Goiás, onde foram mortos e o veículo queimado. Os corpos de Renata e Gabriela foram encontrados dentro do carro de Marcos, em Unaí, Minas Gerais.
A 14 de janeiro, e com uma faca, Carlomam e Horácio mataram Thiago, Cláudia e Ana. Os corpos foram enterrados numa cisterna, em Planaltina, Brasília.
Dias depois, os cinco suspeitos já estavam na mira da polícia e assim que foram detidos confessaram o crime.