A Procuradoria-Geral ucraniana anunciou hoje a abertura do processo de investigação por "crime de guerra" sobre a morte da jornalista ucraniana, Victoria Roshchina, sob custódia das autoridades russas, após ter sido detida nos territórios ocupados da Ucrânia.
Corpo do artigo
"O processo penal aberto pelo seu desaparecimento foi reclassificado como crime de guerra associado a homicídio premeditado", declarou o Ministério Público num comunicado publicado no Telegram.
Victoria Rochtchina, de 27 anos, morreu a 19 de setembro, de acordo com uma carta do Ministério da Defesa russo recebida pela sua família na Ucrânia na quinta-feira, afirmou a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) num comunicado. A sua morte foi confirmada na quinta-feira pelas autoridades ucranianas e terá ocorrido durante uma transferência de uma prisão em Taganrog para Moscovo.
"Tenho uma confirmação oficial do lado russo da morte da jornalista", afirmou o comissário ucraniano para os direitos humanos, Dmytro Loubinets, na noite de quinta-feira. "As detenções ilegais e os raptos de jornalistas são a arma da Rússia contra a liberdade de expressão", acusou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pronunciou-se hoje nas redes sociais, afirmando que a morte de Rochtchina constitui "um verdadeiro golpe" para "muitos jornalistas ucranianos que a conheciam".
"Há ainda muitos outros jornalistas, figuras públicas, líderes políticos e pessoas comuns que se encontram presos na Rússia", continuou, acrescentando ter levantado a questão da sua libertação durante o seu encontro com o Papa esta manhã.
A União Europeia (UE) disse hoje estar "horrorizada" com a morte na sequência de uma "detenção arbitrária" russa, exigindo uma "investigação independente e minuciosa" ao incidente. "A UE está horrorizada com os relatos da morte da jornalista ucraniana freelancer Victoria Roshchyna que foi arbitrariamente detida pela Rússia", escreveu um porta-voz do Serviço de Ação Externa.
"Quando detiveram arbitrariamente Victoria Roshchyna, em agosto de 2023, as autoridades russas assumiram a responsabilidade total pela sua segurança, saúde e integridade física", criticou o bloco comunitário.
Rochtchina, uma jornalista independente que colaborou com os meios ucranianos Ukrainska Pravda e Hromadske, tinha desaparecido em agosto de 2023, quando procurava chegar aos territórios ucranianos invadidos pela Federação Russa na região de Zaporijjia, no sul do país, segundo meios ucranianos.
A Rússia confirmou pela primeira vez a sua detenção em abril de 2024, de acordo com o Ministério Público ucraniano. Segundo o meio de comunicação social russo independente Mediazona, a jornalista morreu durante uma transferência de uma prisão em Taganrog, no sudoeste da Rússia, para Moscovo.
Petro Yatsenko, funcionário ucraniano responsável pelos prisioneiros de guerra, declarou que a sua transferência "era um passo para preparar a sua libertação" no âmbito de uma troca. A ONG Repórteres sem Fronteiras apelou aos dirigentes russos para que "esclareçam todas as circunstâncias da sua detenção e da sua morte".
De acordo com Kiev, cerca de 25 jornalistas ucranianos estão atualmente detidos na Rússia e acredita-se que outros estejam desaparecidos.