O antigo vice-primeiro-ministro de Timor-Leste e atual ministro da Educação, Fernando Lasama de Araújo, morreu hoje, aos 53 anos, depois de uma vida dedicada à luta pela independência do seu país.
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Fernando Lasama de Araújo morreu hoje no Hospital de Dili, na sequência de uma trombose com derrame cerebral.
Nascido em Manutasi, no distrito de Ainaro, quando tinha 12 anos testemunhou o massacre de 18 familiares pelo exército indonésio, episódio que ditou o seu empenhamento político posterior.
Foi fundador e secretário-geral da Renetil, o organismo juvenil da resistência timorense, que tinha entre os objetivos inscritos na proclamação de 20 de junho de 1988 "isolar pronta e rapidamente todos os estudantes de Timor-Leste de todas as influências ideológicas, políticas, económicas e socioculturais desenvolvidas pelo governo fascista-militarista de Jacarta".
Preso durante a ocupação indonésia, em 1991, e julgado por crimes contra o Estado, lasama de Araújo passou seis anos e quatro meses na cadeia de Cipinang, em Jacarta, a mesma onde esteve o líder histórico da resistência timorense, Xanana Gusmão.
"Foi nos anos de Cipinang que aprendi com Xanana e outros prisioneiros políticos. A minha formação política vem de Cipinang", disse um dia.
Passou ainda por outras cadeias, em Bali e em Java, igualmente na Indonésia, e chegou a ser considerado "prisioneiro de consciência" pela Amnistia Internacional.
Aliás, esta organização de defesa dos direitos humanos ficou para sempre ligada à sua vida, pois foi na prisão que conheceu aquela que viria a ser sua mulher, a filipina Jacqueline Aquino Siapno, respeitada académica que na altura trabalhava para a Amnistia Internacional, e de quem tem um filho.
Em 1992, recebeu o Prémio Internacional Reebok pela sua atividade em defesa dos direitos dos timorenses, sob a ocupação indonésia.
Lasama de Araújo candidatou-se duas vezes às eleições presidenciais, em 2007 e 2012, mas foi através da liderança do Partido Democrático que foi nomeado presidente do parlamento em 2007, vindo depois em 2012 a assumir o cargo de vice-primeiro-ministro num Governo de coligação com o partido de Xanana Gusmão.
Como segunda figura do Estado, "La Sama" substituiu, em 2008, o então Presidente da República, José Ramos-Horta, ferido num ataque a 11 de fevereiro, ficando como presidente em exercício durante dois meses.