
De Klerk com Nelson Mandela, em 2010
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O último presidente branco da África do Sul, Frederik de Klerk, que libertou o ícone da luta contra o apartheid Nelson Mandela e partilhou com ele o Prémio Nobel da Paz, morreu nesta quinta-feira, aos 85 anos.
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"É com grande tristeza que a Fundação FW de Klerk anuncia a morte do ex-presidente FW de Klerk de forma tranquila na sua residência de Fresnaye esta manhã, depois de uma lutar contra o cancro", anunciou a fundação a que presidia.
De Klerk morreu após uma batalha contra o cancro na sua casa, na zona de Fresnaye, na Cidade do Cabo, confirmou um porta-voz da Fundação F.W. de Klerk.
Foi de Klerk, que partilhou o Prémio Nobel da Paz com Nelson Mandela, que, num discurso proferido no parlamento da África do Sul no dia 2 de fevereiro de 1990, anunciou que aquele que viria a ser o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, seria libertado da prisão após 27 anos de cativeiro.
O anúncio eletrizou na altura o país, que durante décadas foi desprezado e sancionado por grande parte da comunidade internacional pelo seu brutal sistema de discriminação racial conhecido como "apartheid".
Com o aprofundamento do isolamento da África do Sul e a sua economia outrora sólida a deteriorar-se, de Klerk, que tinha sido eleito presidente apenas cinco meses antes, anunciou também no mesmo discurso o levantamento da proibição do Congresso Nacional Africano (ANC) e de outros grupos políticos anti-"apartheid".
Vários membros do parlamento abandonaram nesse dia a câmara enquanto o presidente discursava.
Nove dias mais tarde, Mandela saiu em liberdade e quatro anos depois seria eleito o primeiro presidente negro do país, em resultado dos negros terem pela primeira vez exercido o direito de voto.
De Klerk e Mandela receberam o Prémio Nobel da Paz em 1993 pela sua cooperação, muitas vezes intensa, no processo de afastamento da África do Sul do racismo institucionalizado e em direção à democracia.
