Um homem de 28 anos, médico do Rio de Janeiro que estava na linha da frente no atendimento a doentes covid-19, morreu devido a complicações relacionadas com o novo coronavírus. A vítima mortal era um dos 8 mil voluntários brasileiros que estão a ser testados à vacina da Oxford/AstraZeneca. Porém, não terá sido imunizado com a solução, tendo tomado apenas um placebo.
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O caso foi confirmado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o órgão brasileiro que regula o controlo sanitário do país, que diz ter sido notificado do óbito de João Pedro Feitosa a 19 de outubro e esclareceu que "o processo permanece em avaliação".
O médico terá falecido já no dia 15 de outubro, de acordo com a imprensa brasileira, que alude aos comentários de pessoas próximas nas redes sociais, entre elas a namorada da vítima.
"Foram partilhadas com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comité Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressalvar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comité, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo", lê-se no comunicado da Anvisa.
A AstraZeneca, o laboratório responsável, não emitiu qualquer comentário sobre o caso. Acabou por ser António Barra, presidente da Anvisa, a confirmar que os testes com a vacina da Universidade de Oxford contra a covid-19 vão continuar.
Apesar do sigilo, o jornal "O Globo" adiantou, esta quarta-feira, que João Pedro Feitosa não terá tomado a vacina que está em desenvolvimento desde o final de junho, mas antes um placebo - como é norma nestes processos de estudo de imunização. O médico brasileiro terá feito uma única toma em julho, daquilo que se percebe agora ter sido um placebo que foi dado a 50% do universo em teste. Terá ficado doente em setembro e, apesar de não ter comorbilidades, teve uma pioria em outubro.
O jovem tinha acabado a formação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2019, e estava agora no atendimento de doentes com covid-19 num hospital municipal daquele Estado brasileiro e num outro do setor privado.
De relembrar de que Portugal deverá receber um total de 6,9 milhões de vacinas contra a covid-19 deste laboratório. O lote faz parte da encomenda feita pela União Europeia de 300 milhões de vacinas à AstraZeneca e será distribuída pelos Estados-membros.
Dos voluntários já imunizados poucos foram os que reportaram sintomas ligeiros, que não foram além do reporte de sinais de fadiga (70%), dor de cabeça (68%) e dor muscular (60%), segundo alguns dados publicados na revista científica "The Lancet", a 20 de julho.