
Há onze anos afastado da vida pública devido a uma doença neurológica, o falecimento de Adolfo Suárez estará "iminente". O anúncio foi feito, esta sexta-feira, pelo filho mais velho do ex-presidente do Governo espanhol. Visivelmente abalado, Adolfo Suárez Illana adiantou aos jornalistas que o "desenlace não deverá superar as próximas 48 horas".
Com 81 anos e doente de Alzheimer, o pai da transição espanhola deu entrada na Clínica Cemtro de Madrid na passada segunda-feira devido a uma pneumonia. A família decidiu entretanto retirar o apoio mecânico à respiração, o que pode fazer com o desfecho seja "mais rápido do que pensamos", explicou o filho do ex-presidente.
Escolhido pelo rei Juan Carlos para chefiar o Governo formado em 1976, Adolfo Suárez foi o político espanhol encarregado de pilotar o complexo período de transição democrática que se seguiu à morte de Francisco Franco, no final de 1975.
Muitos desconfiaram da nomeação devido à proximidade ao anterior regime (foi diretor-geral da televisão pública espanhola) e à juventude do ex-presidente (tinha então 43 anos). Mas o carácter conciliador de Suárez acabou por fazer dele uma figura consensual na política espanhola. Em 1977 ganharia as primeiras eleições democráticas realizadas em Espanha em quarenta anos, depois de legalizar o Partido Comunista de Santiago Carrillo.
Após aprovar a Constituição de 1978, Suárez ganharia de novo as eleições gerais realizadas em 1979. A falta de apoios políticos acabaria, no entanto, por motivar a sua demissão do cargo de presidente do Governo no início de 1981. Foi ainda no cargo que viveu a tentativa falhada de golpe de Estado perpetrada por uma fação reacionária da família militar, a 23 de Fevereiro de 1981. Apesar das ameaças e dos disparos lançados no Congresso de Deputados pelo coronel António Tejero, Suárez nunca abandonou o seu lugar.
