O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak deixou a prisão, esta quinta-feira, e foi transferido para um hospital militar no Cairo, depois de um tribunal ter ordenado a sua libertação condicional, anunciou o Ministério do Interior.
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Hosni Mubarak, de 85 anos, foi transferido de helicóptero da prisão de Tora para o hospital militar de Maadi, num bairro periférico da capital egípcia, disse à agência France Presse um general do Ministério do Interior.
Deposto na sequência de uma revolta popular, no início de 2011, Mubarak foi detido e acusado de corrupção e de responsabilidade na morte de centenas de manifestantes durante a rebelião que pôs fim ao seu regime.
Num primeiro julgamento relativo à morte de manifestantes, foi condenado a prisão perpétua em junho de 2012, mas um tribunal superior determinou que o ex-presidente fosse julgado de novo, o que começou a ser feito a 11 de maio.
Entretanto, foi-lhe concedida a liberdade condicional nos vários processos que o envolviam por ter atingido o período máximo em prisão preventiva. Mubarak estava detido desde abril de 2011.
A saída de Mubarak da prisão ocorre depois de o exército e a polícia egípcia terem lançado, há uma semana, uma campanha de repressão sangrenta de manifestações do presidente Mohamed Morsi, um ex-dirigente da Irmandade Muçulmana eleito democraticamente em junho de 2012 e deposto pelos militares a 3 de julho passado.
Mubarak, antecessor de Morsi e líder do Egito durante mais de 30 anos, deverá regressar ao tribunal no próximo domingo, para mais uma audiência do julgamento relativo aos 850 manifestantes mortos em janeiro e fevereiro de 2011.
No mesmo dia deve começar o julgamento de dirigentes da Irmandade Muçulmana detidos no quadro da vaga de repressão contra Morsi e seus apoiantes. O presidente islamita deposto foi detido no mesmo dia em que foi afastado do poder.
O guia supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e dois adjuntos, Khairat al-Chater e Rachad Bayoumi, devem responder na justiça por "incitamento à morte" de manifestantes que contestavam Morsi num protesto em frente à sede da Irmandade, no Cairo, a 30 de junho.
Na última semana, perto de mil pessoas foram mortas, na maioria apoiantes de Morsi, no âmbito da vaga de repressão lançada pelas forças de segurança.
A Irmandade Muçulmana lançou um apelo à realização de grandes manifestações na sexta-feira, dia "dos mártires".