A viúva de um dos guardas civis mortos por uma lancha de traficantes de droga do porto de Barbate, em Espanha, impediu o ministro espanhol da Administração Interna de condecorar o marido a título póstumo.
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David Pérez Carracedo morreu na sexta-feira, numa operação contra o narcotráfico em Barbarte. Uma das seis lanchas de traficantes que se abrigaram do mau tempo naquele porto abalroou uma embarcação da Guardia Civil e causou a morte dois agentes da polícia espanhola.
Este domingo, a viúva de David Carracedo impediu o ministro espanhol da Administração Interna de condecorar o marido no leito de morte. Quando Fernando Grande-Marlaska se preparava para depositar a medalha de ouro no caixão, a mulher levantou-se e disse que não queria, conta o jornal espanhol "El Mundo", citando fontes presentes no funeral.
Segundo aquele periódico, a viúva terá dito que não queria que fosse Marlaska a condecorar o marido e que preferia recusar a verba associada à distinção. Oficiais da polícia apressaram-se a falar com a mulher, que se mostrou irredutível.
"Foi uma cena muito dura, a recordar os tempos da ETA", disseram ao "El Mundo" fontes presentes no funeral. O ministro voltou ao local visivelmente desgostoso, adianta aquele periódico, ante os aplausos dos polícias presentes no Comando Geral da Guardia Civil de Pamplona, onde decorreu a cerimónia.
A responsável pelo combate ao tráfico de droga na província de Cádis, Ana Villagómez, já tinha avisado que o ministro poderia não ser bem recebido nos funerais. "Há cada vez mais as lanchas de narcotraficantes em todas as docas. Há muito tempo que dizemos isto. O que não esperamos é que amanhã venham ao funeral apresentar uma série de condolências, quando não fornecem os meios necessários", afirmara, em declarações ao jornal "Hora25", no sábado.
"O ministro foi prestar condolências e mostrar o seu respeito. A medalha foi atribuída a título póstumo", referiram fonte do Ministério do Interior, ao "El Mundo". David Pérez Carracedo, de 43 anos, tinha dois filhos. Natural de Barcelona, estava destacado no Grupo de Ação Rápida de Pamplona, em comissão de serviço na província de Cádis.
Segundo o jornal "La Razon", assim que o ministro deixou a sala, os presentes no funeral rezaram por David Carracedo e depois entoaram o hino da Guardia Civil. O resto da cerimónia fúnebre decorreu sem incidentes, em silêncio, mas com muita emoção.
Fernando Grande-Marlaska foi o responsável pelo desmantelamento de uma força de intervenção de elite contra o narcotráfico no estreito de Gibraltar, em setembro de 2022, e desde então tem acumulado criticas entre os elementos da Guardia Civil.
Tanto a Guarda Civil como a Polícia Nacional pedem, há anos, ao Ministério do Interior que declare com urgência o Campo de Gibraltina como Zona de Especial de Singularidade (ZES). Uma denominação que permite aportar aos agentes incentivos económicos e laborais similares aos que estão destacados no País Basco ou em Navarra.
A falta e meios e as pressões das famílias de traficantes que operam na zona de Gibraltar dificultam a constituição de equipas com meios humanos suficientes. Todos os anos, dezenas de efetivos solicitam mudança de local.