Família decidiu doar rosto de jovem morto num atropelamento para transplante a homem que ficou desfigurado ao disparar acidentalmente uma espingarda. Cadeia de televisão promoveu emocionante encontro entre irmã e homem transplantado.
Corpo do artigo
Rebekah Aversano viu - e tocou - o rosto transplantado do seu irmão, pela primeira vez num emocionante encontro com Richard Norris, que ficou desfigurado ao disparar acidentalmente uma espingarda em 1997. O encontro foi filmado pelo programa "60 minutos Austrália" e será transmitido neste fim de semana.
O irmão de Aversano, Joshua, de 21 anos, morreu atropelado por uma carrinha, há três anos, quando atravessava uma rua.
A família de Maryland decidiu doar o rosto a Richard Norris. O homem de Virginia já tido sido submetido a dezenas de operações convencionais para tentar reparar os danos do acidente de 1997. Na altura, tinha 22 anos. As intervenções tiveram um êxito limitado, deixando-o deprimido e com tendências suicidas.
A doação da família Aversano deu-lhe agora outra hipótese. Num dos transplantes de rosto mais complexos da história, uma equipa da Universidade de Maryland Medical Center levou 36 horas, em março de 2012, a transplantar dentes, mandíbula, músculos da língua e nervos.
[Youtube:N3XuhlgS7h0]
Norris, agora com 39 anos, agradeceu a Rebekah num encontro em sua casa, em Virginia. Estendendo a mão, perguntou: "Importa-se que lhe toque na cara?" Depois do contacto com o rosto transplantado, comentou: "Uau, esta é a cara com que cresci".
A mãe de Joshua, Gwen, disse numa entrevista televisiva que a doação foi a coisa certa a fazer. "Podemos ver o nosso filho nele", afirmou. "Conseguimos mesmo ver as semelhanças. Estamos muito satisfeitos de termos sido capazes de ajudá-lo. Mesmo com uma perda tão trágica, fomos capazes de dar a alguém o benefício de nosso filho. "
Norris disse que antes do transplante viveu o inferno. Só saía à noite, para minimizar o contacto com outras pessoas, ou usava máscaras para disfarçar os ferimentos horríveis causadas pela explosão da espingarda. "Ouvi todo o tipo de observações, a maioria eram realmente horríveis ", contou.
Mesmo com apenas 50% de hipótese de sobrevivência, Norris assumiu o risco da cirurgia e da enorme responsabilidade de ter um rosto "estranho".
Norris não pode beber, fumar ou apanhar banhos de sol e tem de tomar, para o resto da vida, imensos medicamentos para evitar a rejeição do transplante.
O primeiro transplante parcial de rosto do mundo foi realizado de 2005, em França, a uma mulher que foi atacada pelo seu cão. Dos 27 transplantados, quatro já morreram.