Na Europa, há mais mulheres a exercer nas instituições superiores de economia do que nos EUA. Ainda assim, são os homens que dominam a área, revela uma investigação que envolveu mais de 34 mil pessoas.
Corpo do artigo
Um estudo recente, dos economistas Guido Friebel, Alisa Weinberger e Sascha Wilhelm, da Universidade de Goethe, na Alemanha, em cooperação com Emmanuelle Auriol, da Escola de Economia de Toulouse, demonstrou que, em todo o mundo, as mulheres têm pouca representação académica na área da economia, em especial nos cargos mais elevados e nas universidades mais fortes na investigação.
No total, o estudo, publicado na "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS), incorporou dados de 238 universidades e escolas de negócios de todo o mundo e envolveu mais de 34 mil pessoas. A maioria dos inquéritos existentes relativamente à igualdade na economia centra-se em cada país. Nesta pesquisa, foi feita uma comparação da representação de género em grande parte do mundo, embora o conjunto de dados inclua poucas instituições em África ou no sudeste da Ásia.
Os resultados revelaram que nos Estados Unidos da América (EUA) as mulheres detêm apenas 20% dos cargos de alto nível (professores que se dedicam em exclusivo à universidade e à investigação), enquanto na Europa o valor é de 27%. A média global é de 25%. Nos cargos mais baixos (professores assistentes e docentes sem um mestrado ou doutoramento), 32% das posições nas instituições norte-americanas são detidas por mulheres. Na Europa, este valor sobe para os 38%. Em todo o mundo, a média é de 37%.
A equipa envolvida no estudo fez ainda uma comparação entre regiões da Europa e dos Estados Unidos e descobriu que as mulheres ocupam mais de 50% dos cargos mais elevados em instituições romenas, mas apenas cerca de 20% na Grécia, Alemanha e Holanda. Nos Estados Unidos, as proporções mais baixas de economistas mulheres estão no Ocidente e as mais altas no Sul.
Globalmente, as mulheres ocupam cerca de um em cada três cargos académicos "juniores" na área da economia e apenas um em cada quatro cargos superiores, de acordo com uma análise da igualdade de género nas principais instituições de investigação da área.
No estudo, foi ainda apurado que as instituições com melhor classificação em termos de investigação têm menos mulheres em cargos "juniores" do que as instituições de nível inferior, o que sugere que as mulheres não são contratadas ao mesmo ritmo que os homens. Isto é mais notável nos EUA. "Não é prova, mas acreditamos que - à luz de toda a literatura que vem antes de nós - certamente há alguma discriminação a acontecer", diz Emmanuelle Auriol.
As consequências da sub-representação das mulheres na economia
Quanto às repercussões do desequilíbrio de género na economia, os investigadores apontam o menor número de funcionários adequados para as instituições contratarem e a falta de referências para as mulheres que entram na área. Além disso, as mulheres são mais propensas a estudar outro tipo de economia, pelo que os estudos futuros podem ser "inclinados para os temas que são favorecidos pelos homens, que não são necessariamente os que mais importam para a sociedade", refere a economista da Escola de Economia de Toulouse.
Enquanto os homens estão mais inclinados para estudar macroeconomia ou teoria económica, as mulheres dedicam-se mais à economia do desenvolvimento, da saúde, do trabalho e das organizações.
A resolução desta questão exige mudanças e a primeira passa por reconhecer a existência deste problema sistémico. "Acho que temos de estudar o problema e documentá-lo para que seja muito difícil para as pessoas negá-lo e fingir que não existe", assevera Auriol.
No estudo, os investigadores apontam a cultura organizacional da respetiva instituição de ensino, bem como as regras institucionais, como duas das razões para este fenómeno, e garantem que as universidades devem garantir a equidade na avaliação de todos os candidatos a cargos nas instituições.