As mulheres que não usarem o véu islâmico serão impedidas de entrar no metro na capital do Irão. A medida do Governo tem como intuito forçar órgãos públicos do país a assumir maior responsabilidade no que diz respeito à aplicação da lei que obriga ao uso do hijab.
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São muitas as mulheres iranianas, especialmente nos centros urbanos, como em Teerão, que se recusam a cumprir as regras de vestimenta. De acordo com ativistas, os protestos pela liberdade de escolha das mulheres iranianas ("Mulheres, vida, liberdade"), iniciados em setembro, irão continuar, ainda que de forma individual.
O Governo iraniano anunciou este sábado que irá instalar câmaras de vigilância nas ruas com o propósito de detetar mulheres que não cumprem o código de vestimenta, ameaçando com multas. O chefe da Justiça do Irão está disposto a impor coimas de 1 milhão de tomans (o equivalente a cerca de 21 mil euros) a mulheres que não usem o véu islâmico e a apreensão de carros por 20 dias às que viajarem sem hijab. Para além disso, as infratoras receberão "mensagens de texto a alertar sobre as consequências", alertou a Polícia.
Várias imagens de uma emissora estatal iraniana já mostraram trabalhadores do metro a impedir mulheres que tentavam entrar sem hijab e que, consequentemente, ficaram sem poder ir trabalhar.
Uma investigação do jornalista iraniano Abbas Abdi mostrou que 31% dos entrevistados observam um grande número de mulheres do Irão que não usam hijab e que apenas 10% da população é a favor da aplicação de multas por incumprimento, avança o jornal britânico "The Guardian".
De acordo com uma declaração do ministério do Interior iraniano datada de 30 de março, que descreve o véu como "um dos princípios práticos da República Islâmica", não haverá recuo sobre a aplicação da lei.