A falha informática global que afetou sistemas Windows, da Microsoft, provocou na sexta-feira o caos a nível global. Este sábado, as empresas afetadas estão a voltar ao funcionamento normal, mas surgem alertas para cibercriminosos que se podem aproveitar do apagão.
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A causa da perturbação sem precedentes nos sistemas da Microsoft que afetou empresas em todo o Mundo, incluindo Portugal, foi identificada e corrigida, de acordo com o grupo norte-americano de cibersegurança CrowdStrike.
No entanto, criou o momento perfeito para os cibercriminosos se aproveitarem da fragilidade dos sistemas digitais. De acordo com a BBC, estão a ser lançadas campanhas de "phishing" e links com "malware".
Estes agentes maliciosos estão a atacar indivíduos e empresas que procuram soluções para a falha informática e, sob o pretexto de oferecerem atualizações ou correções para problemas relacionados com a CrowdStrike, levam-nos a carregar em links "contaminados".
Constrangimentos nos aeroportos
A perturbação nos sistemas informáticos afetou aeroportos, hospitais, empresas ferroviárias e financeiras, entre várias outras, a nível global.
Embora os aeroportos portugueses não tenham sido dos mais afetados pela falha informática, como por exemplo os norte-americanos, algumas companhias aéreas e empresas de assistência em terra ("handling") sofreram constrangimentos, nomeadamente no check-in e no embarque de alguns voos.
Durante o final do dia de sexta-feira e o início deste sábado, as companhias aéreas do Mundo que registaram problemas devido à falha informática têm retomado gradualmente os serviços. O apagão cancelou inúmeros voos e fez com que centenas de passageiros à volta do globo ficassem presos em terra, sem saber quando poderiam seguir viagem.
Os principais aeroportos da Europa - incluindo Berlim, que suspendeu todos os voos na sexta-feira - informaram que as partidas e chegadas de aviões foram retomadas.
Nos EUA, as companhias aéreas esclareceram que já retomaram as operações. Na Ásia, os aeroportos de Hong Kong, Coreia do Sul e Tailândia também anunciaram o restabelecimento dos voos, tal como na Índia, na Indonésia e em Singapura.
No México, as companhias aéreas continuam com alguns problemas e os aeroportos de Guadalajara e Monterrey pediram às pessoas que chegassem com várias horas de antecedência.
Em Sydney, na Austrália, persistem alguns "problemas residuais" com atrasos na descolagem. Já no Japão, cinco voos da Jetstar vão continuar suspensos.
Hospitais, bancos e Jogos Olímpicos
Os bancos do Quénia e da Ucrânia relataram problemas com os serviços digitais, enquanto algumas operadoras de telemóveis sofreram perturbações. Os serviços de apoio ao cliente de várias empresas chegaram a ser interrompidos, como foi o caso da linha de emergência 911 no Alasca, EUA. Mas ao que tudo indica, esses problemas já terão sido resolvidos.
Na Nova Zelândia, a imprensa relatou constrangimentos nos bancos e nos sistemas dos computadores do parlamento. O apagão também afetou hospitais na Holanda, a Bolsa de Londres e a principal empresa ferroviária britânica.
A programação do canal britânico Sky News, entretanto regularizada, também foi interrompida na sexta-feira, tal como a emissora nacional ABC na Austrália.
Segundo Elon Musk, CEO da Tesla, a falha também provocou uma paragem na "cadeia de abastecimento da indústria automóvel".
A organização dos Jogos Olímpicos Paris2024 também sofreu perturbações "limitadas", durante algumas horas. No entanto, os problemas operacionais já foram resolvidos, com o impacto a não ser demasiado penalizador, a uma semana da cerimónia de abertura.
Com os atletas a poderem instalar-se na Aldeia Olímpica desde quinta-feira, vários foram impedidos de recolher as suas acreditações, inconvenientes que acabaram por ser colmatados algumas horas mais tarde.
As "perturbações" e "limitações" afetaram sobretudo a entrega de "uniformes e acreditações", sendo que após algumas horas tudo regressou à "normalidade", explicou a organização.
Retorno à normalidade
O diretor executivo da CrowdStrike, George Kurtz, pediu desculpa "a todas as organizações, grupos e indivíduos que foram afetados por esta interrupção", em declarações à CNBC, realçando que a situação pode demorar alguns dias a voltar ao normal.
"Recomendamos aos clientes que sigam os conselhos da CrowdStrike para solucionar esta situação", acrescentou o CEO da empresa.
Vários especialistas em cibersegurança falam numa falha sem precedentes que, devido à sua dimensão global, deixou claro que grande parte do Mundo depende de um único fornecedor para serviços tão diversos.