Ataque em centro comercial alemão protagonizado por um único atirador resulta em dez mortos, um dos quais o atacante, que se suicidou.
Corpo do artigo
Alemanha, de novo. Desta vez, a contabilidade é bem mais penosa: nove mortos e 21 feridos, três dos quais em estado crítico e entre eles diversas crianças e adolescentes. Na sexta-feira, em Munique, no Olympia-Einkaufszentrum, o maior centro comercial da Baviera, às mãos de um atirador de 18 anos, David S., alemão e filho de iranianos. Matou-se no final.
5300663
Em conferência de imprensa dada já na madrugada deste sábado, a polícia esclareceu que o atirador agiu sozinho e que, para já, são desconhecidas as suas motivações.
"O autor é um alemão-iraniano de 18 anos de Munique", que não era conhecido dos serviços da polícia, disse o chefe da polícia Hunertus Andra, em conferência de imprensa.
Segundo as investigações em curso, o atacante não tinha antecedentes criminais e vivia em Munique há vários anos.
5300557
A Polícia não hesita em dizer que existe um "alerta terrorista elevado", apesar de as autoridades afirmarem que os indícios não apontam, de momento, para atos de extremismo islâmico. Foi declarado o estado de emergência, entretanto levantado, e a chanceler alemã, Angela Merkel, convocou para este sábado uma reunião do Conselho de Segurança federal.
Inicialmente, baseadas em imagens de videovigilância, as autoridades temiam estar perante três atacantes, dois deles em fuga, facto que não veio a confirmar-se.
O primeiro alerta soou às 17.50 horas locais (menos uma em Lisboa), quando uma testemunha alertou para um tiroteio em duas ruas próximas do centro comercial e, depois, no próprio complexo, com 135 lojas e situado numa zona residencial densamente povoada, perto do estádio olímpico.
Na ocasião, pensava-se que um dos atacantes teria disparado sobre várias pessoas enquanto corria no interior do Olympia, antes de fugir em direção a uma estação de metro.
Pensava-se também que outro tinha efetuado disparos junto a um McDonald"s, enquanto berrava palavras de ordem contra "estrangeiros" e "turcos" (consoante os relatos).
Dominik Faust, um habitante de Munique, contou à BBC que foi "encurralado" noutro centro comercial por diversas pessoas, que entraram "aos gritos".
A Polícia pediu então aos cidadãos para abandonarem os locais públicos e para não saírem de casa, bem como para não divulgarem fotos ou vídeos da operação policial, porque poderiam ajudar os foragidos.
Entretanto, os serviços de metro, autocarro e "tramways" chegaram a estar suspensos, a estação ferroviária central de Munique foi evacuada e no centro da cidade foram desdobrados diversos efetivos da Polícia, enquanto helicópteros sobrevoavam a área. O GSG9, unidade de elite de antiterrorismo, esteve igualmente envolvido nas operações.
5301128
Previsivelmente, o presidente alemão, Joachim Gauck, mostrou-se "horrorizado" com o "ataque assassino". "Estou ao lado das vítimas nos meus pensamentos e com todos os que estão de luto ou com receio em relação a entes queridos", afirmou o chefe de Estado, em comunicado, manifestando solidariedade para com os serviços de emergência que estão a tentar "proteger pessoas e salvar vidas".
Por seu lado, o ministro do Interior, Thomas de Maiziere, que estava num voo para Nova Iorque, voltou imediato à Alemanha para acompanhar a situação.
5089588
Em tempos de cólera, surge a compaixão. As mesquitas de Munique, bem como a população em geral, ofereceram guarida a quem não conseguiu voltar a casa em virtude da suspensão dos transportes.
Já a Áustria e a República Checa aumentaram a vigilância nas fronteiras com a Alemanha, tendo o Executivo de Praga destacado maior presença policial para muitos dos centros comerciais do país. Os austríacos, a pedido das autoridades alemãs, enviaram 42 agentes da unidade Cobra para Munique, para reforçar a Polícia local.