Continuam as investigações do acidente do voo da Jeju Air, que resultou na morte de 179 pessoas, no domingo. Enquanto mais de uma centena de aviões são inspecionados esta terça-feira, emergem dúvidas sobre a presença do muro no final da pista do aeroporto internacional de Muan, onde o aparelho embateu.
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A investigação tenta descobrir o motivo da aparente pressa do piloto em aterrar, que poderá ser explicada por uma possível colisão com aves ou pelos sistemas de controlo desabilitados. As autoridades também estão a analisar a infraestrutura do aeroporto: o muro de betão que continha um localizador foi o local em que a aeronave colidiu em alta velocidade, provocando uma bola de fogo.
O Ministério dos Transportes da Coreia do Sul diz que a maioria dos aeroportos no país foram construídos de acordo com as regras da Organização Internacional da Aviação Civil, que propõem uma área de segurança de pelo menos 240 metros após o fim da pista. Uma lei sul-coreana permite, todavia, que alguns equipamentos fiquem localizados numa área que não "afete significativamente o desempenho da instalação".
"Verificaremos se existe algum conflito nos nossos próprios regulamentos e realizaremos uma revisão adicional das nossas normas de segurança aeroportuária", declarou Kim Hong-rak, diretor-geral de política de instalações aeroportuárias e de navegação aérea, citado pela agência Reuters, salientando que a regulação é diferente das normas da Autoridade Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês).
No caso do aeroporto internacional de Muan, os localizadores, que auxiliam na navegação, estavam instalados no muro, a 199 metros do fim da pista. "Não devia estar lá", disse à agência o capitão Ross Aimer, chefe da consultora Aero Consulting Experts.
Além da análise da estrutura do aeroporto, que ficará encerrado até ao dia 7 de janeiro, as autoridades sul-coreanas anunciaram, na segunda-feira, que irão inspecionar, até ao dia 3 de janeiro, a frota da Jeju Air e todos os 101 Boeing 737-800 das companhias aéreas do país.
Um membro da FAA, três peritos do Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA (a NTSB) e quatro representantes da Boeing já estão na cidade de Muan, juntando-se aos 11 funcionários do Conselho de Investigação de Acidentes Ferroviários e de Aviação da Coreia do Sul, para analisarem o episódio no terreno.
Pelo menos 174 das 179 vítimas já foram identificadas, a maioria pelas impressões digitais. “Das 32 pessoas que não puderam ser identificadas pelas impressões digitais, identificámos 17 pessoas no primeiro teste de ADN e mais 10 no segundo”, informaram as autoridades, citadas pela agência Lusa, numa conferência de imprensa.
Companhia aérea vai pagar custos de funerais
O diretor-executivo da Jeju Air assumiu "total responsabilidade" para lidar com a situação pós-desastre. Kim Yi-bae frisou que a prioridade da empresa é apoiar as famílias das vítimas, com uma compensação de emergência e o pagamento dos custos funerários.
O CEO destacou que nenhum avião descolaria se a equipa de manutenção alertasse para um problema de segurança. Kim assinalou que nenhuma adversidade foi apontada na inspeção feita no dia do acidente. “A questão sobre se o trem de aterragem estava a funcionar corretamente ou não está relacionada com a investigação do acidente”, sublinhou, em declarações reproduzidas pela BBC. "Vão ouvir o resultado quando este chegar", acrescentou.
O chefe da companhia de baixo custo anunciou que a empresa vai reduzir entre 10% e 15% o número de voos para este inverno, com o objetivo de "reparar a confiança". Kim salientou, no entanto, que a medida não é uma admissão de que a Jeju Air estava a realizar demasiadas operações.