O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu Elon Musk como o seu executor-chefe, saudando o zelo do bilionário da tecnologia na implementação da chuva de ordens executivas que o presidente emitiu desde que voltou ao cargo.
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Numa entrevista conjunta transmitida pela Fox News, os dois homens passaram muito tempo a elogiar-se mutuamente e a rejeitar as preocupações de que Trump esteja a ultrapassar os seus poderes executivos, depois de já ter assinado dezenas de decretos nas últimas três semanas, muitas das quais contestadas nos tribunais como potencialmente inconstitucionais.
O bilionário Elon Musk, que foi o principal doador de Trump durante a campanha presidencial de 2024, tem a tarefa de liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), com o objetivo declarado de erradicar “desperdício, fraude e abuso” nos gastos federais. “Uma das maiores funções da equipa do DOGE é garantir que as ordens executivas presidenciais sejam realmente executadas”, disse Musk à Fox News.
Na entrevista, Trump insistiu que as suas políticas - incluindo um ataque generalizado às instituições federais - deveriam ser implementadas sem demora e disse que Musk é fundamental para as fazer avançar. “Você escreve uma ordem executiva e acha que está feito, você envia-a, mas ela não é cumprida. Não é implementada”, disse Trump.
O presidente norte-americano acrescentou que Musk e a equipa do DOGE se tornaram um mecanismo de fiscalização dentro da burocracia federal, para promulgar a agenda do governo sem que alguém se coloque no caminho, correndo o risco de perder o emprego. “E uma pessoa que talvez não quisesse fazer isso, de repente, está a assinar”, disse Trump.
A vontade do povo
A entrevista à Fox foi transmitida poucas horas depois de Trump ter assinado uma ordem executiva abrangente, que procurava alargar e consolidar o controlo direto da Casa Branca sobre as agências reguladoras federais. A ordem, que provavelmente enfrentará desafios legais, forçaria agências como a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) a apresentar propostas regulatórias à Casa Branca para revisão.
“Para que o governo federal seja verdadeiramente responsável perante o povo americano, os funcionários que exercem um vasto poder executivo devem ser supervisionados e controlados pelo presidente eleito pelo povo”, afirma o decreto.
Musk encontrou humor no seu papel de executor de Trump, descrevendo-se a si próprio como um “tecnólogo” e vestindo uma t-shirt onde se lia “Apoio Técnico” para a entrevista. Afastou ainda as críticas de que estava a agir como se fosse o presidente dos EUA, dizendo que nenhum dos membros do gabinete de Trump foi eleito e que vê o seu papel como facilitador da agenda de Trump.
“O presidente é o representante eleito do povo, por isso está a representar a vontade do povo”, explicou Musk. “E se a burocracia está a lutar contra a vontade do povo e a impedir o presidente de implementar o que o povo quer, então o que vivemos é uma burocracia e não uma democracia.”
Presidente Elon?
O papel proeminente de Musk na administração Trump levou à dúvida pública de quem está realmente ao comando na Casa Branca, embora o líder republicano tenha sido rápido a descartar rumores de desavenças entre os dois.
“Na verdade, o Elon telefonou-me”, disse Trump. “Ele disse: 'Sabe, eles estão a tentar separar-nos'. Eu disse: 'Absolutamente'”. Mas Trump expressou confiança de que os americanos não serão enganados por alegados esforços para enfraquecer os laços entre ele e Musk.
“Eu costumava pensar que eles eram bons nisso”, disse Trump, referindo-se aos meios de comunicação. “Na verdade, eles são maus nisso, porque se fossem bons nisso, eu nunca seria presidente. As pessoas são inteligentes”, prosseguiu. “Elas percebem”.