Nagorno-Karabakh: uma república (não reconhecida) que esvaziou e desistiu de existir
Nagorno-Karabakh fecha portas até 1 de janeiro de 2024. O enclave arménio no vizinho Azerbaijão está a ficar vazio de pessoas e o governo autónomo independentista diz que vai dissolver-se. A república, não reconhecida, cessa de existir, vergada por uma “limpeza étnica” num curto espaço de tempo.
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O nome não é fácil de pronunciar, mas evoca recordações aos portugueses que acompanhavam as notícias no esperançoso final da década de 1980. Quando um manto de ilusão cobria partes do globo com a crença de que das ruínas do Muro de Berlim podia erguer-se uma Europa plena de democracias, o conflito de Nagorno-Karabakh era notícia diária nos telejornais; um lembrete escrito a sangue e morte de que a Democracia e a paz nunca estão garantidas.
Conhecido por Artsakh para os arménios, Nagorno-Karabakh foi integrada no Azerbaijão após a queda dos czares, em 1917, e ganhou estatuto de região autónoma em 1930, oito anos após o nascimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Território montanhoso habitado por arménios mas internacionalmente reconhecido como parte do Azerbaijão, o enclave e manteve-se relativamente tranquilo durante os 70 anos em que ambos os países coexistiram sob a bandeira da URSS.