A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse, esta quinta-feira, que não se vai recandidatar à liderança Democrata no Congresso norte-americano, após a confirmação que os Republicanos garantiram a liderança da câmara baixa, na sequência das eleições intercalares.
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Num discurso aplaudido de pé por Democratas e Republicanos, Pelosi, de 82 anos, anunciou que deixará o cargo depois de liderar os Democratas durante quase 20 anos e após um ataque brutal ao seu marido, Paul Pelosi, no mês passado na sua casa em São Francisco.
"Agora devemos avançar com ousadia para o futuro. Chegou a hora de uma nova geração liderar a bancada Democrata que tanto respeito. E sou grata por tantos estarem prontos e dispostos a assumir essa incrível responsabilidade", disse Pelosi, num discurso em que recordou o seu percurso desde "dona de casa a presidente da Câmara dos Representantes".
O líder da Câmara dos Representantes é a terceira figura mais importante da política norte-americana depois do Presidente e do vice-presidente.
A política Democrata da Califórnia, que se tornou a primeira e única mulher a presidir à Câmara dos Representantes na história dos Estados Unidos, disse que permanecerá no Congresso como representante de São Francisco, cargo que ocupa há 35 anos, quando a nova composição da assembleia se reunir em janeiro.
"Não tive maior honra do que falar pelos cidadãos de São Francisco e continuarei a fazê-lo como membro da Câmara dos Representantes, servindo o grande estado da Califórnia e defendendo a nossa Constituição, mas não irei procurar a reeleição", afirmou, num discurso proferido num tom emocionado.
Não é comum um líder partidário permanecer no Congresso depois de se retirar da liderança.
No seu discurso, Pelosi lembrou o momento em que viu o Capitólio (sede do Congresso norte-americano) pela primeira vez, aos seis anos, e referiu-se brevemente ao ataque de 06 de janeiro de 2021, quando apoiantes do ex-Presidente Donald Trump invadiram o edifício.
Pelosi alertou que a democracia é "majestosa, mas é frágil" e disse que os eleitores em 2022 enviaram uma mensagem ao Congresso de que não apoiariam aqueles que incitam à violência ou à insurreição.
Logo após o anúncio de Pelosi, o Presidente norte-americano, Joe Biden, prestou homenagem à líder Democrata, que classificou como uma "convicta defensora da democracia".
Pelosi protegeu a "nossa democracia da insurreição violenta e mortal de 06 de janeiro" de 2021, acrescentou Biden, num comunicado, referindo-se ao ataque ao Capitólio.
Nancy Pelosi é a "presidente da Câmara dos Representantes mais importante da nossa história", frisou ainda o chefe de Estado.
A única pessoa em décadas a ser eleita duas vezes para o cargo, Nancy Pelosi, nascida em Baltimore, no estado de Maryland, e mãe de cinco filhos, liderou os Democratas em momentos importantes, incluindo a aprovação do 'Affordable Care Act' (também conhecido como 'Obamacare'), uma lei federal que visou reformas abrangentes dos seguros de saúde e que foi aprovada pelo agora ex-Presidente Barack Obama, e os dois processos de destituição do também agora ex-Presidente Donald Trump.
A liderança da Câmara dos Representantes poderá ser assumida, a partir de janeiro, pelo Republicano Kevin McCarthy.
O anúncio de Pelosi ocorre um dia depois de ter sido confirmado que os Republicanos recuperaram o controlo da câmara baixa do Congresso, ao conquistarem 218 das 435 cadeiras em disputa, o mínimo necessário para obter a maioria.
No Senado (câmara alta), por sua vez, os Democratas mantêm o poder com metade das 100 cadeiras e o voto de desempate da vice-presidente, Kamala Harris.
Desta forma, a partir de janeiro, a liderança do Congresso será dividida entre os dois partidos.