Quatro dias depois do sismo que atingiu Marrocos, as aldeias da região das Montanhas do Alto Atlas continuam sem receber ajuda das autoridades. A dormirem no chão, muitas vezes sem água e eletricidade, os sobreviventes da vila de Imlil queixam-se da demora nas respostas e de não saberem quando voltarão a ter uma casa.
Corpo do artigo
O forte abalo de sexta-feira passada, em Marrocos, deixou centenas de casas destruídas e 450 pessoas desalojadas na pequena vila de Imlil, nas montanhas do Alto Atlas, onde o apoio tarda em chegar. Vários habitantes morreram e os sobreviventes pernoitam agora em tendas e no chão. Já sem esperança de encontrarem pessoas vivas nos escombros, imploram por ajuda para voltarem a ter um teto.
“Muitas pessoas estão a acampar e outras estão no chão com cobertores. A minha e outras casas ficam no meio da vila e as pessoas não querem voltar porque têm medo que as habitações não estejam seguras. As casas estão destruídas e precisamos de as reparar todas urgentemente. Tem de vir alguém aqui”, apela ao JN Mohamed, um dos sobreviventes de Imlil, que vive dias desesperantes. “Não conseguimos dormir porque continua a haver réplicas e derrocadas nas montanhas. Estamos a tremer de novo e há muitas pedras a caírem pela montanha como uma avalanche. O ruído é muito forte”, conta.
Este é apenas um exemplo das várias aldeias que continuam sem receber ajuda das autoridades. Mohamed diz que para já têm comida, mas nem sempre têm luz, internet e água. “A eletricidade está sempre a falhar. Em alguns sítios não há mesmo. Às vezes há água, outras não. A estrada continua fechada, é o que temos”, lamenta, emocionado.
O guia turístico, que durante todo o ano leva os visitantes de Marrocos a conhecerem o Alto Atlas e as comunidades Berberes, perdeu a sua casa, mas também a sua única fonte de rendimento. Sensibilizada, uma turista que visitou o país, no ano passado, criou, esta semana, uma página para quem quiser fazer doações para a recuperação da vila de Imlil.
Até agora, Marrocos apenas aceitou as ofertas de ajuda de quatro países: Espanha, Qatar, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos, apesar de outros, como Portugal, já se terem mostrado disponíveis a enviar apoio para as áreas mais afetadas pelo forte sismo.