"Não consigo respirar": história repete-se e homem morre às mãos da Polícia nos EUA

Imagens foram divulgadas pelas autoridades
Foto: Polícia de Canton
Um homem morreu depois de ter sido imobilizado pela Polícia, no Ohio, EUA. O caso, que ocorreu em abril e que tem contornos semelhantes aos de George Floyd, voltou a inflamar o debate social e mediático em torno da brutalidade policial no país.
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"Não consigo respirar" foram as últimas palavras, ditas repetidamente, por Frank Tyson antes de morrer às mãos da Polícia - literalmente -, no estado norte-americano de Ohio. O caso traz à memória a morte do afro-americano George Floyd, que levou à condenação de três agentes por homicídio em 2021. Como Floyd, cuja morte deu força aos protestos do movimento "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam"), Frank Tyson, de 53 anos e também ele negro, foi detido e manietado por dois polícias antes de morrer.
O caso recente tem circulado na imprensa norte-americana e internacional, depois de a Polícia de Canton (Ohio) ter divulgado um vídeo da detenção que levou à morte, cuja causa oficial ainda não foi determinada. De acordo com a agência Reuters, as imagens da câmara colocada na farda de um dos agentes mostram Tyson a dizer várias vezes a frase “não consigo respirar”, enquanto é algemado e imobilizado no chão de um bar. O homem era suspeito de ter abandonado o local de um acidente de carro, no dia 18 de abril.
O vídeo, que tem a duração de 36 minutos, começa com um agente a deparar-se com um carro que havia atingido um poste elétrico e com um transeunte a dar conta de que o condutor de um outro veículo teria fugido para um bar depois de causar o acidente. Dois polícias são vistos a entrar no estabelecimento em causa e a interpelar Tyson, seguindo-se uma altercação. Os agentes tentam então agarrar nos braços do homem, que pede repetidamente que alguém chame "o xerife", porque, alega, estão a tentar matá-lo.
Os agentes derrubam Tyson no chão e algemam-no: um deles coloca um joelho nas costas do homem, perto do pescoço, durante cerca de 30 segundos. É aí que o homem repete várias vezes não conseguir respirar e pede ao polícia que o largue. Um dos agentes pede que se acalme: "Estás bem", diz-lhe antes de se levantar. Não estava bem: ficou imóvel, de bruços no chão, durante seis minutos, enquanto os polícias conversavam com os clientes do bar.
O resto da história é o início desta notícia. Os agentes aperecebem-se entretanto de que Tyson não responde e começam a questionar se terá pulso ou estará a respirar. Oito minutos depois de terem algemado o homem, removem as algemas e iniciam as manobras de reanimação. Sem sucesso, e já com os paramédicos no local, Tyson é levado de ambulância para o hospital, onde acabaria por morrer.
As autoridades estão a investigar a conduta dos agentes envolvidos - Beau Schoenegge e Camden Burch -, que estão entretanto suspensos da Polícia.
Três polícias condenados por homicídio de George Floyd
O episódio, que voltou a inflamar o debate social e mediático em torno da violência policial nos Estados Unidos, tem lembrado o caso mediático de George Floyd, que morreu sufocado por agentes da Polícia de Minneapolis, em 2020. Na altura, um vídeo de telemóvel tornado viral, que mostrava um polícia, branco, ajoelhado no pescoço do homem, negro, durante nove minutos, desencadeou uma onda de protestos em todo o mundo contra a brutalidade policial e o racismo. O agente em causa e dois outros acabaram por ser condenados, no ano seguinte, por homicídio culposo e outros crimes.

