O Presidente da Bolívia, Evo Morales, negou, esta quarta-feira, qualquer conduta irregular depois de o seu avião, proveniente da Rússia, ter sido desviado para Viena perante suspeitas de que transportaria o informático Edward Snowden, acusado pelos Estados Unidos de espionagem.
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"Não sou um criminoso", disse Evo Morales aos jornalistas no aeroporto de Viena, depois de, na terça-feira, a França, Itália, Portugal e Espanha não terem autorizado o avião do Presidente boliviano a sobrevoar os respetivos espaços aéreos.
Evo Morales confirmou também que a Espanha deu, esta quarta-feira, autorização para que o avião presidencial atravesse o seu espaço aéreo de regresso à Bolívia.
"O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha comunicou que está autorizado", explicou Morales, adiantando que estão a aguardar a confirmação definitiva para partir para a Bolívia.
Morales adiantou que, durante a madrugada, o embaixador espanhol em Viena, Alberto Carnero, esteve no aeroporto e pediu para aceder ao avião.
"Pediu-me para tomar um café dentro do avião, para ver o avião e, no fundo, querer controlá-lo. Disse-lhe que não podia, por normas internacionais. Além disso, não sou nenhum criminoso para que me controlem o avião", sublinhou Morales.
Fontes da delegação boliviana adiantou que a saída do avião de Viena deverá ocorrer cerca das 10.30 horas de Portugal Continental.
Evo Morales falava aos jornalistas depois de se ter encontrado no aeroporto de Viena com o chefe de Estado austríaco, Heinz Fischer, que considerou estarem reunidas as condições para que a viagem do Presidente boliviano prossiga.
Pouco tempo depois deste encontro, um porta-voz do Ministério do Interior da Áustria assegurava que o informático norte-americano Edward Snowden, procurado por espionagem, não se encontrava a bordo do avião presidencial.
O avião do Presidente da Bolívia aterrou em Viena cerca das 21.40 horas (20.40 horas de Lisboa) de terça-feira proveniente de Moscovo "os passaportes foram controlados e, contrariamente aos rumores que circularam, Edward Snowden não estava a bordo", disse Karl-Heinz Grundboeck.
O avião não foi revistado, segundo o porta-voz austríaco, que adiantou não existir qualquer razão legal para a revista.
A Bolívia afirma que vários países europeus, incluindo Portugal, recusaram abrir o espaço europeu ao avião presidencial por suspeita de que o analista norte-americano se encontraria a bordo.
A França, seguida de Portugal e depois da Itália deram entretanto luz verde à passagem do avião de Evo Morales, disse hoje o ministro da Defesa boliviano, Ruben Saavedra.
Evo Morales regressava à Bolívia, proveniente de Moscovo, onde participou numa reunião dos países produtores de gás natural. Durante a viagem encontrou-se com o seu homólogo russo Vladimir Putin.
A Bolívia é um dos 21 países aos quais Edward Snowden pediu asilo político.