Esta semana, os parques infantis de Odessa voltaram a encher-se de crianças, ansiosas pelo fim da guerra.
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Apesar do medo, há quem não consiga deixar Odessa. Todos os dias ao acordar, a pequena Evelina, de quatro anos, pergunta à mãe, Katerina, se a guerra já acabou. Ainda não há uma resposta positiva para lhe dar.
Esta semana, os parques infantis de Odessa voltaram a encher-se de crianças. Mas Katerina sempre tentou não descurar a "normalidade" do dia a dia. "Continuámos a vir todos os dias durante a guerra. Às vezes estávamos sozinhas. Por vezes ficava pouco tempo, tocavam as sirenes, estava frio", conta.
A artista plástica decidiu ficar no país com os dois filhos mais novos como ato de resistência. Por enquanto, não tem planos para partir. "Se eles atacarem a cidade, se a situação se tornar insustentável, como fizeram, por exemplo, em Kherson, então teremos de fugir. Mas não vamos simplesmente entregar-lhes Odessa".
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Katerina garante que não tem medo. É o destino do filho mais velho que lhe aperta o coração. "Está no primeiro ano de filosofia, na universidade de São Petersburgo. É muito perigoso ser-se ucraniano na Rússia. Estávamos muito felizes por ter entrado numa das melhores faculdades do mundo. Agora é um pesadelo", afirma.
Com a ajuda de alguns colegas e professores conseguiu fugir de Moscovo. Costuma encontrar-se com outras pessoas num café arménio. Discutem a guerra, a atualidade. Mas tem de esconder quem é. Não há liberdade de expressão, a qualquer momento podem pedir-lhe o telemóvel. "É mais perigoso estar em Moscovo do que em Odessa." Katerina sonha agora com a ida do filho mais velho para a Europa. "Talvez consiga entrar em Berlim. Mas primeiro temos de o conseguir tirar de lá", relata.