"Juno", a missão da Nasa a Júpiter, revelou que existem múltiplos ciclones do tamanho da Terra nos polos do planeta gigante.
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"Complexo, gigantesco e turbulento": é assim que a agência espacial norte-americana descreve Júpiter, após apresentar os resultados iniciais da missão "Juno" ao planeta. "Foi uma viagem longa até chegar a Júpiter, mas estes primeiros resultados já demonstram que valeu a pena", afirmou Diane Brown, que faz parte do programa.
Entre as várias descobertas da missão estão as imagens facultadas pela câmara "JunoCam", que mostram os dois polos de Júpiter cobertos por vários ciclones rodopiantes do tamanho do nosso planeta. Os investigadores pretendem saber se esta é apenas uma fase que vai desaparecer ou se é uma configuração estável e se, portanto, as tempestades vão permanecer a circular à volta umas das outras.
"Há tanta coisa a acontecer de que nós não estávamos à espera que tivemos de dar um passo atrás e começar a pensar no planeta como todo um novo Júpiter", revelou Scott Bolton, o principal investigador de "Juno".
Antes da missão, já era sabido que Júpiter tem o campo magnético mais intenso do sistema solar, mas o programa espacial permitiu obter mais informações. Os dados recolhidos pela nave, também apelidada de "Juno", revelaram que o campo é mais forte, mas também mais heterogéneo do que se previa. As medições indicam que a intensidade do campo magnético de Júpiter é de 7.766 Gauss, cerca de dez vezes mais forte do que o do campo magnético da Terra.
"Nós estamos entusiasmados por partilhar estas descobertas iniciais, que nos vão ajudar a entender melhor o que torna Júpiter tão fascinante", rematou Diane Brown.
A nave "Juno" foi lançada a 5 de agosto de 2011 e entrou na órbita do planeta no dia 4 de julho de 2016. Está numa órbita polar à volta do planeta, mas apenas numa pequena parte do trajeto é que a nave se aproxima do corpo celeste: a cada 53 dias, "Juno" aproxima-se de Júpiter por cima do polo norte, onde começa um percurso de duas horas de polo a polo. A próxima vez que a nave vai sobrevoar os pólos será dia 11 de julho.
As descobertas da primeira passagem para recolha de dados, que sobrevoou a 4,2 quilómetros das nuvens do planeta, no dia 27 de agosto, foram divulgados na publicação científica "Science". A Nasa disponibiliza online os dados referentes à missão.