Aliança Atlântica acusa Pequim de ser “facilitador decisivo” e “apoiar economia de guerra russa”. Gigante asiático fala em “retórica agressiva” que não reflete a sua política externa.
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Depois das declarações do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg – no âmbito da cimeira que hoje terminou em Washington –, que acusou a China de ser um “facilitador decisivo” no esforço de guerra russo, Pequim reagiu de forma contundente, considerando as afirmações do líder da Aliança Atlântica “cheias de preconceitos”. A diplomacia chinesa salientou que a “retórica agressiva” da cimeira que assinalou os 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte “não reflete a realidade da política externa da China”. Os líderes da NATO e parceiros da região Ásia-Pacífico reuniram hoje para abordar “desafios” comuns, como o apoio crescente de Pequim à economia de guerra de Moscovo.
“O exaltar da NATO sobre a responsabilidade da China na questão da Ucrânia não é razoável e tem motivos sinistros”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, sustentando que Pequim “não contribuiu para o conflito na Ucrânia e manteve uma posição objetiva e justa”, “procurando ativamente soluções pacíficas e políticas, uma posição que foi reconhecida e apoiada pela comunidade internacional”.
Lin criticou ainda o que disse ser a estratégia da Aliança de “estabelecer um inimigo imaginário para justificar a sua expansão e poder”, e defendeu que o bloco militar ocidental deveria “reconsiderar a sua abordagem em relação à China, que tem sido erradamente rotulada como um desafio sistémico”.
NATO e parceiros da Ásia-Pacífico reuniram-se numa sessão da cimeira em que abordaram “desafios de segurança partilhados, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o apoio da China à economia de guerra russa e o crescente alinhamento de poderes autoritários”, afirmou Jens Stoltenberg sobre uma reunião em que, além dos 32 líderes da NATO, estiveram os líderes de Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão, bem como o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. “A China é uma preocupação crescente para nós, ajudando a Rússia a obter equipamento militar”, declarou o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.
Biden atira com mais 225 milhões para Kiev
Depois de os chefes de Estado e de Governo da NATO se terem comprometido, na noite de quarta-feira, com um mínimo de 40 mil milhões de euros para apoiar, em 2025, o esforço de guerra ucraniano, o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou hoje novo pacote de assistência militar à Ucrânia, de 225 milhões de dólares (207 milhões de euros), em reunião com o homólogo ucraniano.
Se Stoltenberg referiu que a adesão da Ucrânia à Aliança “não é uma questão de se mas de quando”, sublinhando que os aliados concordaram que esse caminho “é irreversível”, Volodymyr Zelensky afirmou que a adesão do seu país está muito próxima. “Estamos muito perto do nosso objetivo. O próximo passo será o convite e depois a adesão”, disse o líder ucraniano em conferência de imprensa com Stoltenberg.
Zelensky pediu ainda que sejam levantadas todas as restrições ao uso de armamento ocidental contra território russo.